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Flipkart. 38 mil milhões é só o início

por | 21 de Julho, 2021

Flipkart. 38 mil milhões é só o início

38 mil milhões de dólares. É quanto vale a startup indiana Flipkart depois da sua mais recente ronda de financiamento. Criada em 2007 por Sachin e Binny Bansal que, ao contrário do que se possa imaginar, não têm qualquer grau de parentesco, a FlipKart passou por diversos altos e baixos para se tornar uma das importantes empresas do continente asiático. A sua evolução, ao longo dos anos, tem algumas parecenças com a da Amazon e não é por acaso.

Apesar de terem estudado juntos na faculdade, Sachin e Binny só se tornaram mais próximos quando ambos começaram a trabalhar na Amazon. Depois de três anos na Big Tech a compreender os meandros do negócio, os dois acharam que conseguiam criar um serviço mais adaptado à realidade indiana, ficando Sachin como CEO e Binny como COO da FlipKart. E não se saíram nada mal.

  • Um dos principais pontos de diferenciação foi uma tecnologia que permitia que os utilizadores encomendassem os livros online com a possibilidade de pagar em dinheiro à porta, dado que em 2008 apenas 0.5% da população indiana possuía um cartão de crédito.
  • De seguida, a FlipKart criou o FlipKart Marketplace para permitir que outros produtos, para além de livros, pudessem ser vendidos; fez uma série de aquisições incluindo plataformas de conteúdos com filmes e séries, serviços de música, serviços de logística e plataformas de marketing digital para dar uma maior robustez ao seu negócio; e ainda criou um dia especial de vendas – o “Big Billion Day” – onde oferecia uma série de promoções online. Onde é que já vimos isto?
  • Em 2012, a FlipKart já era um unicórnio e, com a sua crescente notoriedade, também se tornou num símbolo do empreendedorismo na Índia. Durante muitos anos, o mercado indiano foi conhecido por criar muitas barreiras a novos negócios e por estar desenhado para proteger os interesses de negócios mais tradicionais pertencentes a uma elite. No entanto, o sucesso da FlipKart criou uma onda de inovação que levou a que empreendedores indianos decidissem seguir em frente com os seus próprios projetos.

Dores de crescimento

No entanto, para competir no mercado asiático com gigantes como a Alibaba e a Amazon, a FlipKart começou a enfrentar algumas dores de crescimento porque, apesar de apresentar um volume de vendas recorde, ano após ano, não estava a conseguir gerar lucros. Entre 2016 e 2018, a FlipKart desvalorizou de 15 mil milhões para 5 mil milhões de dólares e os principais investidores começaram a ficar preocupados.

Em 2018, foi anunciada a venda de quase 80% da FlipKart à Walmart, a gigante do retalho americano, por 16 mil milhões de dólares, um valor consideravelmente acima daquilo que a empresa valia. Os investidores ficaram satisfeitos por verem algum retorno, a Walmart ganhou mais munições para competir com a Amazon a nível global e a Flipkart entrou numa nova fase.

Os fundadores originais saíram da empresa (um por decisão própria e o outro por suspeitas de assédio) e foi nomeado um novo CEO chamado Kalyan Krishnamurthy, que fazia parte de um dos fundos de investimento com maior participação na empresa.

O novo boss começou a apostar em estratégias de venda mais agressivas, com um forte investimento em campanhas de promoção, e passou a utilizar a regra de 80-20 para definir o rumo da FlipKart: concentrar os esforços nos 20% de categorias de produtos que geravam 80% da receita total.

A nova estratégia, a pandemia que fez explodir o comércio online, e a crescente digitalização da população indiana contribuíram para que a FlipKart “regressasse à forma” e que conte atualmente com 350 milhões de utilizadores registados nos serviços.

Compreender o mercado online indiano

A Índia é o segundo maior mercado online do mundo, com 700 milhões de pessoas a utilizar a Internet todos os dias. Contudo, isto representa apenas 40% da população (2020), o que significa que o mercado ainda apresenta um potencial enorme não só em termos de frequência de utilização, mas até da sua própria dimensão. E as Big Tech não estão a dormir.

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