Ex-líder da Wikipédia é a nova CEO do Web Summit
por Miguel Magalhães (Texto) | 30 de Outubro, 2023
Depois da polémica em redor de Paddy Cosgrave, a Web Summit escolheu Katherine Maher para lhe suceder ao leme do evento tecnológico.
Não foram dias fáceis para o Web Summit. Um dos principais eventos tecnológicos no mundo inteiro viu, em pouco tempo, alguns dos seus principais apoiantes avançarem para um boicote, motivado pela palavras do agora ex-CEO Paddy Cosgrave relativamente ao conflito Israel-Palestina. A decisão de empresas como a Google e a Meta, bem como as críticas (e também boicote) de todo o ecossistema de startups israelita levaram à saída de Cosgrave a apenas um mês do início do Web Summit em Lisboa.
Tornou-se, por isso, urgente encontrar uma figura que pudesse dar a cara pelo evento e, de certa forma, corrigir algum do dano que tinha sido causado por toda esta situação. Katherine Maher é um perfil que acaba por se enquadrar nesta missão, trazendo uma combinação de conhecimento, tecnologia e humanismo que o Web Summit necessita neste período de transição.
Nos últimos cinco anos, Katherine liderou a Wikimedia Foundation, a organização global sem fins lucrativos por trás da Wikipedia, que possui atualmente mais de mil milhões de utilizadores mensais. Na Wikimedia, a nova CEO do Web Summit liderou um comunidade global de 300 mil voluntários, em 75 países, duplicou o orçamento da fundação para 140 milhões de dólares e expandiu consideravelmente a presença da Wikipédia, nomeadamente em mercados emergentes.
A capacidade de produção de conteúdos para diferentes culturas, de gerir colaboradores em diferentes regiões e de operar uma plataforma que promove a liberdade de expressão, bem como o direito ao acesso a informação fidedigna, acaba por ser um bom “match” com o tipo de competências expectáveis para um líder de um evento como a Web Summit.
Sobre o novo cargo, Katherine Maher disse: “Estou animada por me juntar à Web Summit, porque acredito na missão da Web Summit de conectar pessoas e ideias que mudam o mundo. Num presente em que a tecnologia está entrelaçada em todos os aspetos das nossas vidas, e num futuro em que ela representa a nossa maior esperança e o nosso maior disruptor, o papel do evento como um lugar para conexão e diálogo é mais urgente do que nunca. A nossa tarefa imediata é retornar o foco para o que fazemos de melhor: fornecer uma plataforma para todos os envolvidos com o avanço tecnológico”.
Além do trabalho desenvolvido na Wikimedia Foundation, Katherine faz também parte do “board” da plataforma de mensagens Signal Messenger e é também uma “Young Global Leader” do World Economic Forum.
A Web Summit também anunciou hoje a nomeação de Damian Kimmelman como diretor-não executivo do evento. Kimmelman co-fundou várias empresas e organizações tanto nos EUA quanto na Europa, incluindo a startup de edtech Batelle.com, a organização sem fins lucrativos FoundersPledge.com, a fintech Rho.co e o plataforma de analytics DueDil.com, agora Fullcircl.
“Acredito firmemente na missão da Web Summit de ajudar a formar as ligações significativas que mudam o mundo, e estou ansioso para trabalhar com a Katherine e o Conselho de Direção para alcançar isso e apoiar o diálogo que garantirá que a Web Summit vai continuar a ser a principal conferência de tecnologia do mundo”, partilha.
A Web Summit 2023 acontecerá de 13 a 15 de novembro, com um programa completo, que inclui mais de 25 palcos, competições de PITCH, reuniões de investidores, masterclasses e mesas-redondas, e Mentor Hours. Os eventos Night Summit também vão estar a acontecer em alguns dos bairros mais emocionantes de Lisboa, dando oportunidades de networking fora do horário do evento.
Sem números oficiais de participação, o Web Summit revelou que vão estar no evento cerca de 2.600 startups de 85 países (um recorde), 300 parceiros e ainda “media” de 160 países diferentes.