Estudo da Visa diz que europeus poderão poupar 250 mil milhões de euros por ano com IA e Biometria
por Gabriel Lagoa | 9 de Setembro, 2024
Inteligência Artificial, biometria e pagamentos phygital destacam-se como tendências-chave na evolução dos pagamentos digitais. A adoção destas tecnologias pode poupar aos europeus até 250 mil milhões de euros por ano.
O futuro dos pagamentos digitais está a moldar-se rapidamente, com potencial para transformar a economia europeia e o comportamento dos consumidores. É uma das conclusões de um estudo apresentado pela Visa, que analisou a influência dos pagamentos digitais na eficiência económica e na criação de uma sociedade mais conectada e inclusiva.
O estudo foi feito pela Morning Consult entre maio e junho deste ano e destaca as seguintes tendências como aquelas estão a moldar o futuro dos pagamentos:
- Identidade digital;
- Ascensão dos consumidores como vendedores;
- Multiplicação de serviços configuráveis;
- Finanças integradas;
- Inteligência Artificial (IA).
Uma das descobertas do estudo é o potencial impacto económico da adoção de ferramentas digitais de gestão financeira. De acordo com as projeções da Visa, os europeus poderão poupar até 250 mil milhões de euros por ano se adotarem estas ferramentas, incluindo a IA generativa, para gerir as suas finanças pessoais.
A confiança na IA está a aumentar, especialmente entre as gerações mais jovens. O estudo revela que 36% dos inquiridos afirmam confiar mais na IA agora do que há um ano, uma percentagem que sobe para 47% entre a Geração Z. Este aumento da confiança pode ser um catalisador para uma adoção mais ampla de soluções baseadas em IA no setor financeiro.
No documento pode ler-se também que a democratização do acesso aos dados vai aumentar a confiança dos consumidores nas empresas, já que 69% dos 8 mil europeus inquiridos acreditam que as empresas beneficiam mais da utilização dos seus dados do que eles próprios.
Biometria impulsiona vendas e reduz fraudes
De acordo com o estudo, a biometria é outra das tecnologias-chave no futuro dos pagamentos digitais. A Visa estima que o recurso a esta tecnologia possa ajudar as empresas a obter até 43 mil milhões de euros em vendas anuais adicionais, além de reduzir a fraude em até 483 milhões de euros por ano. A implementação de proteções biométricas em carteiras digitais ou documentos de identidade poderá ser uma das formas de reduzir o atrito muitas vezes criado pelas palavras-passe tradicionais, melhorando assim a segurança e a experiência do utilizador.
O estudo também destaca o potencial impacto da diversificação das opções de pagamento. Por exemplo, a adição da opção Click to Pay (uma forma mais rápida de pagar, sem necessidade de inserir os dados de pagamento) ao checkout online pode aumentar as receitas de um retalhista em até 30%, o que pode traduzir-se num aumento anual de até 51 mil milhões de euros nas vendas de comércio eletrónico das PME na União Europeia e no Reino Unido.
A tendência para os pagamentos phygital (uma combinação de físico e digital) está a ganhar força. A Visa prevê que estes se tornarão parte integral das nossas transações diárias, incluindo pagamentos através de gestos, comandos de voz ou sistemas integrados em automóveis, sem necessidade de utilizar um cartão bancário ou telemóvel.
Digitalização traz benefícios às PME
Outro aspeto do estudo é o foco na democratização do comércio. Com os avanços na tecnologia, aumentou a facilidade que alguém tem em tornar-se um vendedor online, ou um “nano-vendedor”, como escreve a Visa. O inquérito acrescenta que 71% das PME e dos empresários estão dispostos a confiar na IA para ajudar a expandir os seus negócios, o que sugere que, no futuro, a IA pode vir a apoiar pequenos empreendedores e a dinamização da economia digital.
Atualmente, 67% das PME europeias estão digitalizadas. O documento indica que, se fosse possível colmatar a lacuna dos restantes 33%, as empresas poderiam ver um aumento combinado das receitas de mais de 200 mil milhões de euros por ano, em termos reais.
Em reação aos números, a Diretora-Geral da Visa Europa, Charlotte Hogg, diz em comunicado que “a tecnologia que, ainda não há muito tempo, parecia saída de um filme de ficção científica, está praticamente pronta para proporcionar experiências de pagamento mais simples, e acrescentar milhares de milhões de euros em valor económico à Europa. E chegará num abrir e piscar de olhos”.
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