EP2. A Maior Loja Inteligente do Mundo É Portuguesa
por Marta Amaral | 5 de Maio, 2025
No episódio desta semana da série The Next Big Idea falámos sobre o futuro do retalho. Uma área onde o futuro já está a acontecer de uma forma bem visível numa das lojas Continente localizada em Leiria.
Seja na forma como entramos num provador sem ter de contar as peças ou num simples pagamento automático, os hábitos de compra estão a mudar. A inteligência artificial está a transformar padrões de consumo de uma forma irreversível.
Por um lado, a pandemia afastou muitos clientes das lojas físicas, levando-os a preferir o comércio online, considerado mais prático e acessível. No entanto, os últimos anos mostraram que o retalho físico está mais forte do que nunca e que as inovações tecnológicas nos diferentes espaços estão a melhorar a experiência de cada de cliente.
“A experiência do retalho físico é uma experiência humana. Aquilo que nós vemos é que até as lojas que funcionavam apenas com comércio online estão a abrir lojas físicas. Constata-se que o ser humano quer fazer compras físicas. Vai haver produtos que nós não nos importamos de mandar vir online mas há sempre alguns que nós queremos comprar, tocar e ver e queremos fazer essa compra em família e ter do outro lado humanos e não máquinas”, sublinha Paulo Carreira (Chief Scientist Officer da Sensei).
Tocar num produto, sentir o cheiro, avaliar a textura — continua a ser importante, sobretudo quando falamos de alimentos e supermercados. Mas não só. Se, por exemplo, a experiência de comprar roupa se tornar mais fluida e simples, muitos consumidores podem voltar a procurar centros comerciais.
E se tudo isto for mais rápido e cómodo, sair de casa volta a ser uma escolha atraente.
Além disso, a simplificação do processo, com a ajuda de novas tecnologias, é fundamental para os retalhistas organizarem melhor os seus espaços e aumentarem a eficiência.
“Tudo o que vemos numa grande superfície nada está por acaso. Tudo foi pensado e cada vez mais com recurso a tecnologias de IA, computer vision aplicadas ao retalho. A recolha de dados em tempo real, de mapas calor sobre a superfície consegue dar informações aos gestores de loja muito pertinente sobre o tipo de percurso que as pessoas fazem em loja”, exemplifica Eduardo Barroso da Silva (Senior Manager na PwC Portugal)
O que é a loja ideal, o que é uma loja do futuro?
Para tentarmos responder a esta pergunta fomos conhecer aquela que é considerada como a maior loja inteligente do mundo que fica em Portugal, mais concretamente em Leiria.
A loja do Continente é o resultado de uma parceria entre a MC Sonae e a Sensei, que procurou implementar uma série de tecnologias para tornar as compras mais simples mas de uma forma súbtil.
Tudo começa logo à entrada: ao entrarmos, o supermercado parece normal, mas no tecto vemos câmaras que acompanham o nosso percurso dentro da loja.
“A inovação começa logo à entrada. Assim que entramos, as câmaras identificam-nos e criam um avatar que representa quem somos na loja — mas sem saberem os nossos dados pessoais”, explica Marlos Silva, area leader de R&D & Innovation na Sonae.
A loja está organizada em várias áreas: as de peso fixo (produtos embalados) e as de peso variável (padaria, peixaria, frutas e legumes).
“No caso dos produtos frescos, eles precisam de ser arranjados e preparados. Temos os nossos colaboradores que ajudam os clientes. As pessoas continuam a ser necessárias”, sublinha Marlos.
Quando o preço é fixo, os produtos estão expostos em prateleiras que parecem iguais às de qualquer supermercado. Mas, na verdade, estas prateleiras são inteligentes.
“Na maioria dos produtos deste supermercado, a experiência é a mais simples possível: tiramos da prateleira, colocamos no saco e já está registado no carrinho virtual”, explica o responsável pela loja.
Isto acontece porque as prateleiras têm sensores que comunicam com as câmaras e sabem exatamente o que tirámos ou devolvemos.
Estas tecnologias permitem que, no final, o checkout seja muito mais rápido: chegamos à caixa e aparece automaticamente uma lista com todas as compras que fizémos — até mesmo do café e do pastel de nata que consumimos na cafetaria antes de começarmos as compras.
“Estamos a assistir a uma transformação enorme no retalho e na experiência de compra. O que acontece é que a pessoa entra, escolhe bem e, quando sai, não precisa de ficar numa fila. É uma mudança total na forma como vamos às lojas. Por isso se fala na loja do futuro. Mas eu acho que a loja do futuro já é daqui a meia dúzia de meses”, antecipa Miguel Fernandes, partner da PwC.
Como funciona afinal uma loja inteligente? E como estão os nossos hábitos de compra a mudar com a ajuda da inteligência artificial?
Conheçam melhor a loja do Continente de Leiria no nosso novo episódio.