Email ou Slack? Uma batalha que ainda só vai nos primeiros rounds
Com o passar dos anos a empresa ficou cada vez menos interessada no jogo e mais em IRC – uma ferramenta de comunicação dos anos 80 que usavam para comunicar a longas distâncias e durante períodos largos de tempo. Com este interesse, o foco da empresa passou para a área das comunicações. No final de 2012, a empresa começou a desenvolver o serviço de mensagens de trabalho e em 2013 já tinha uma versão beta disponível.
O lançamento oficial da plataforma foi em Fevereiro de 2014. Se nesta altura, já contava com 15.000 utilizadores diários, passados seis meses, já tinha 171.000 e, passado um ano, 500.000. Os utilizadores da Slack já enviavam 300 milhões de mensagens por mês e estavam ligados à plataforma uma média de duas horas por dia. Este crescimento impressionante levou a que investidores tivessem um interesse crescente na empresa. Atualmente, no grupo de investidores da Slack encontram-se a Accel Partners e a Google Ventures, por exemplo.
Os analistas identificaram um conjunto de fatores que podem ter contribuído para o seu sucesso:
– Identificar o seu espaço no mercado e consumidor-tipo
A Slack não foi a primeira empresa a querer ser líder nesta área, sendo que antes da sua introdução, a mesma era liderada pelo Skype anteriormente. O que diferenciou a Slack não foi tanto os utilizadores que foi “roubar” a outros serviços, mas sim os utilizadores que nunca tinham pensado em ferramentas de comunicação interna específicas. Resumindo, a Slack encontrou posicionamento num mercado que não estava muito bem definido.
– Foco na experiência do produto ao permitir fazer poucas coisas, mas todas de uma maneira excepcional
Relativamente à qualidade do serviço, Steven Butterfield, CEO do Slack, afirmou: “Estamos a vender uma redução da sobrecarga de informação, de stress e uma nova capacidade de extrair valor de arquivos corporativos que não estão a ser usados. Estamos a vender organizações e equipas melhores. É bom para as pessoas comprarem e algo bom para nós vendermos a longo prazo.” O foco da empresa centrava-se no detalhe e em oferecer um produto de qualidade elevada. Para garantir isso, a equipa da Slack trabalhou arduamente para que a plataforma fosse simples de instalar, agradável de usar, compatível com outros serviços e fidedigno como o e-mail, que neste contexto, pode ser visto como a principal alternativa. Parte da razão do crescimento do Slack, está associado às fases onde o e-mail deixa de ser eficiente como anúncios, atualizações, ou para comunicação mais regular com colegas. No Slack, podemos não só comunicar de uma maneira fácil como se fosse um Messenger, mas também arquivar os ficheiros que necessitamos com a integração da Dropbox. Adicionalmente, contém outras funcionalidades que facilitam a partilha de ficheiros, imagens e links dentro de uma equipa e entre equipas.
– Utilização do modelo Freemium apoiado e o apoio do word-of-mouth
No início, para estudar o desempenho da do seu produto, a Slack contou com o apoio de algumas empresas com dimensão superior à sua, para poder ter uma visão maior sobre o seu alcance e poder observar melhorias que fossem necessárias fazer. Simultaneamente, desde o lançamento da versão beta, a empresa teve a atenção dos media como a TechCrunch ou a VentureBeat. Contudo, Butterfield acredita que mais do que os artigos em si, aquilo que potenciou mais o crescimento da Slack foi a partilha dos mesmos nas redes sociais, que deu uma visibilidade à empresa que não seria possível se o artigo apenas estivesse no meio de tantos outros. Segundo o mesmo, quando contratou o primeiro responsável de marketing, a empresa já estava acima dos 15.000 utilizadores. A utilização do modelo Freemium também potenciou o seu crescimento. Ao mesmo tempo quedava a possibilidade aos seus utilizadores de utilizarem o seu produto de forma gratuita, a Slack sabia que a sua crescente utilização iria levar a que os utilizadores precisassem de pesquisar por mensagens mais antigas e essa funcionalidade já custaria 22 cêntimos por dia, tornando-se a principal fonte de receitas.
Futuro?
Com o aumento da valorização de mercado da empresa, conversas sobre a aquisição da mesma por um “tubarão” começaram a ecoar pela indústria. Porém, os founders não parecem ter planos para tal. Atualmente, a Slack tem uma valorização de mercado superior a quatro mil milhões de dólares e cerca de 5 milhões de utilizadores diários sendo que 1,5 milhões são pagos. Estima-se que em 2016, tenha tido perto de 100 milhões de dólares de receita. Portanto, os números parecem indicar que a plataforma tem tudo para continuar a crescer e aumentar a sua capitalização de mercado, a user base e as suas receitas. Se chegará a um ponto a que a venda passará a ser equacionado, teremos de esperar para ver.