Voltar | Consumo

EatTasty. Comida caseira no escritório, quente e sempre à mesma hora

por | 15 de Maio, 2018

EatTasty. Comida caseira no escritório, quente e sempre à mesma hora

Orlando e Rui estavam no Porto a jantar a horas tardias num restaurante “com sabores bastante caseiros” e começaram a olhar ao redor. Perceberam que a maioria das pessoas que ali estava não o fazia por ser um restaurante específico ou pela experiência, mas porque precisavam de “um local bom e acessível para comer a sua refeição, tal como se estivessem em casa”.

Orlando partilha como tudo começou. “Depois disto começámos a falar bastante sobre como conseguiríamos fazer chegar à vida das pessoas em geral esta sensação de comer comida caseira sem ter de a cozinhar. Começámos a estudar todos os modelos [de distribuição de comida] e identificámos que existia um modelo interessante, com várias soluções a nível logístico, e que nós acreditávamos que ia funcionar”. Foi assim que surgiu a ideia de entregar comida caseira nos escritórios, poupando tempo às pessoas.

Aprofundou-se a pesquisa, investiu-se na discussão de mais ideias e definiu-se o caminho a seguir. “Começámos a perceber que isto estava a tomar uma dimensão que superava a simples ideia. Sabíamos que era um negócio que necessitava de algum capital para iniciar: estávamos a falar de comida, de entregas com pessoas envolvidas em operações diárias. Então começámos a procurar pessoas que nos poderiam ajudar a perceber como conseguir algum investimento. Fizemos uma listagem com todo o tipo de pessoas, desde pessoas com grande experiência em gestão de empresas a investidores, e começámos a abordá-las. Ainda estávamos a trabalhar na antiga empresa e conseguimos reunir as pessoas que nos deram este incentivo inicial e nos deram apoio, sendo que uma das condições era começarmos em Lisboa e não no Porto, onde estávamos a viver naquele momento”, conta Orlando.

E seguiram mesmo de malas e bagagens para Lisboa, onde tudo começou. Mas os dois, sozinhos, não tinham tudo o que era preciso. Um sabia gestão e operações, e o outro entendia-se com tecnologia e marketing, mas faltava a comida. Então Ruben entrou no negócio: um chef com 20 anos de experiência era a peça que faltava. "Precisávamos de alguém que metesse as mãos na massa, não precisávamos de alguém que só desse indicações. Precisávamos de alguém que executasse. Vivemos os três no mesmo apartamento, o Ruben começou a desenhar receitas, comprámos ingredientes, fizemos um grupo no WhatsApp com uma empresa e começámos a testar. O Ruben fazia as refeições, embalávamos e íamos entregar. Fizemos isto durante algum tempo até perceber que de facto começávamos a ter recompra. Era a primeira validação do projeto”.

Depois foi sempre a crescer. O modelo agradava e os clientes tornavam-se fiéis. “Os nossos clientes são pessoas que dão valor à qualidade da comida. Não é uma pessoa que se alimenta por se alimentar, é uma pessoa que gosta de apreciar a comida. Pessoas normalmente muito ocupadas e que valorizam o facto de não terem de, ao almoço, ir a um restaurante ou de encomendar uma refeição e não saber a que horas vem. Nós somos uma cantina virtual”, refere Orlando.

Na EatTasty os estafetas passam na empresa registada na plataforma todos os dias à mesma hora para deixar as encomendas, que podem ser feitas até às 12h00 do próprio dia. “O primeiro bloco horário de entregas é entre as 12h15 e as 12h45, e chega uma refeição quente, pronta a comer e muito cuidada. Nunca repetimos uma opção numa semana e isto permite aos clientes que comam todos os dias através da EatTasty”.

As opções dão para todos os gostos. “O menu é definido semanalmente. Tem sempre uma receita de carne, uma de peixe e uma vegetariana a 5,90€. Poderá ter outras opções, a um preço diferente. Os clientes, a partir de quinta-feira, podem consultar as refeições da semana a seguir”.

O processo de encomenda é simples, de forma a que não se perca tempo. “Para utilizar a EatTasty basta ir ao nosso website, à página de registo, e pesquisar pela empresa em que o cliente se encontra. Caso a empresa exista, o cliente pode registar-se diretamente com o email e verá logo a que horas é que o nosso estafeta lá irá passar, todos os dias. Se a empresa não existir nos registos, basta colocar a morada e validar se existe serviço EatTasty na zona em que se encontra. Caso exista, pode criar o seu registo e a partir daí poderá encomendar todos os dias. Depois existem duas opções: ou associa o cartão de crédito e começa a fazer compras diretamente, ou solicita um carregamento na conta”, explica. Por fim, é só esperar que a refeição chegue, pronta a comer e até com talheres, se assim solicitar.

De momento, a EatTasty serve cerca de 200 refeições por dia. E o modelo que no início era concretizado apenas por três pessoas já tem a participação de mais algumas, que o trabalho não para. “Um dia de trabalho na EatTasty começa com as cozinhas a preparar os ingredientes. Temos várias cozinhas a produzir ao mesmo tempo no mesmo dia. Do outro lado temos a equipa operacional que garante que as pessoas que vão levantar a comida estarão no local acordado com o cozinheiro para isso. Depois, à hora de início de distribuição, nós levantamos as refeições, redistribuímos pelos estafetas e dão-se as saídas para as rotas. Diariamente temos, no mínimo, nove pontos de produção. Já temos 10 estafetas e contamos ter, nos próximos dois meses, cerca de 20. Temos pessoas no escritório a gerir os clientes, com quem temos contacto diário, e depois temos a equipa operacional composta pelas pessoas que gerem o processo produtivo que é validado virtualmente pelo nosso chef, que recebe fotografias das refeições”, explica Orlando.

O negócio, que até agora só vigora em Lisboa, já se espalhou por várias zonas da cidade: Expo, Marvila, Avenida da Liberdade, Saldanha, Torres de Lisboa e Colombo, Amoreiras e a marginal até Alcântara.

Mas a EatTasty não vai ficar por aqui. “Estamos com um plano de expansão em Lisboa para abrir mais zonas: Lagoas Park, Taguspark, Carnaxide e Alfragide. O nosso objetivo a nível de crescimento é chegar às 500 refeições diárias em Lisboa, desenvolver um pouco mais, evoluir operacionalmente e tecnologicamente, e testar o modelo noutras cidades em Portugal e internacionalmente, talvez já no próximo ano, provavelmente em Espanha”, remata.