Connected compra tecnologia da SpaceWay para assegurar rede em zonas com pouca cobertura

A Connected, uma startup portuguesa que desenvolve soluções de conectividade NB-IoT (baixa largura de banda para a Internet das Coisas) a partir do espaço, comprou a solução de conectividade da SpaceWay. Esta operação inclui a compra da Sharing (anteriormente conhecida como UNIoT), bem como a sua base de clientes e parceiros.

Para se ter uma ideia, a Sharing foi usada recentemente no Parque Natural do Douro Internacional para monitorizar vinhas em zonas com fraca cobertura de rede. Num comunicado divulgado esta semana, Tiago Rebelo, CEO da Connected, destaca que “o acordo com a SpaceWay alarga a abrangência dos nossos produtos e traz-nos a oportunidade de diversificarmos as nossas áreas de atuação.”

Que tecnologia é esta? 

A Sharing oferece conectividade IoT via satélite em áreas remotas ou com cobertura de rede limitada. Combina comunicação LoRa com satélites que funcionam como repetidores de mensagens ou gateways no espaço. Esta solução aproveita a infraestrutura de comunicações espaciais existente, comunicando com diferentes constelações de satélites e utilizando diversos protocolos.

Uma das vantagens da Sharing é a sua capacidade de expandir a cobertura das redes terrestres existentes de forma económica, sem necessidade de alterar os dispositivos já instalados no terreno. A versatilidade da solução permite a sua aplicação em várias indústrias, desde a agricultura à monitorização ambiental, incluindo a conservação e deteção de incêndios florestais.

O objetivo? Conectividade global

A Connected, fundada em 2023 por André Guerra, Hélder Oliveira, Raquel Magalhães e Tiago Rebelo, tem escritórios no Porto e sede no Instituto Pedro Nunes (IPN), em Coimbra. A empresa está incubada como parte da iniciativa de incubação de empresas da Agência Espacial Europeia.

O objetivo da startup é fornecer conectividade standard, global, acessível, descomplicada e sustentável. Quer promover uma nova geração de modelos de negócio baseados em baixos volumes de dados, eliminando as limitações de rede em zonas remotas, incluindo no oceano.

Em fevereiro deste ano, a Connected anunciou uma ronda de investimento pre-seed de 2 milhões de euros, a maior captada por uma empresa do setor espacial em Portugal. 

De acordo com a startup, a procura por conectividade via satélite está a crescer, impulsionada pelo aumento exponencial de dispositivos IoT em áreas sem cobertura de rede móvel celular terrestre. As projeções indicam que o número de dispositivos IoT que necessitarão de conectividade via satélite ultrapassará os 21 milhões em todo o mundo até 2026. Este crescimento deve-se principalmente ao facto de aproximadamente 80% do planeta não ter cobertura de rede móvel celular terrestre.

Para enfrentar este desafio, a Connected está a desenvolver um sistema rádio proprietário, autónomo, escalável e integrável em satélites de terceiros em órbitas baixas. O sistema vai fornecer conectividade standard e global de baixa largura de banda, otimizada para soluções de baixo custo e baixa potência.

A rede em desenvolvimento pela Connected vai fornecer serviços de conectividade para aplicações pessoais, como apoio de emergência em áreas remotas, bem como aplicações IoT que promovem a transição climática e a transformação digital. Estas aplicações abrangem áreas como prevenção de incêndios, proteção da vida selvagem e vigilância e defesa do território.

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