Coisas que nunca mais acabam, coisas que nunca mais começam e tudo aquilo que acontece entretanto
Fim de semana à porta, Web Summit à porta, Natal quase à porta. É esta a relatividade do tempo e antes que fiquemos muito melancólicos deixo-vos com uma frase citada por João Magueijo, o cientista que escreveu "Mais rápido que a luz" e também "Bifes Mal Passados": o tempo é aquilo que impede que as coisas aconteçam todas ao mesmo tempo. Um consolo intelectual ou pelo menos um bom pretexto de conversa.
1. I like you, I like you, I like you__
A estimativa é que o investimento de marcas em influencers seja de 8,5 mil milhões de dólares em 2019. São 8,5 mil milhões para que os influenciadores influenciem pessoas a comprar as marcas que lhes pagam para dizer tudo aquilo que a publicidade também sempre disse. E, tal como na publicidade, há uma parte do valor investido que nunca se soube, e provavelmente nunca se saberá, se valeu cada cêntimo. David Ogilvy disse-o e ficou para a história. A questão é que na era em que tudo se mede, a inflação nesta compra de influência não foge à regra. E os números dão que pensar: 1,3 mil milhões de dólares perdidos todos os anos nesta inflação de influência. Muito por causa dos consumidores – melhor dizendo, seguidores – começarem a desconfiar que se calhar, só se calhar, alguns influenciadores gostam tanto mais daquele produto ou serviço quanto melhor forem pagos por isso.
Ah, mas na publicidade também era assim? Certo, era e é. Só que não achávamos que éramos todos amigos e que partilhávamos uma mesma vida.
As marcas, algumas pelo menos, também estão a ficar um pouco cansadas. É que aturar manias à Madonna ou à mais recente coqueluche de Hollywood é uma coisa; fazer o mesmo com um miúdo que não era ninguém há 5 minutos (e que pode não ser ninguém daqui a outros 5 minutos) é outra coisa.
Cereja no topo do bolo? O Facebook e o Instagram têm planos para eliminar o botão de “like”, o que tornará menos visível para o mundo esse exercício “quantos queres?”.
(já agora, o CEO do Twitter também anunciou esta semana que a plataforma vai deixar de aceitar publicidade a conteúdos políticos a partir de 22 de novembro)
Pelo meio, algumas ideias são apresentadas como muito originais quando são, na realidade, apenas ideias que já provaram que funcionam. Como ter conteúdo “verdadeiro” de clientes (e de graça ainda por cima) ou conteúdo de nano-micro-influencers (não enchem estádios mas têm mesmo relação com as pessoas que supostamente influenciam).
O ano passado, na Web Summit, um dos fundadores do Twitter, Ev Williams, disse que uma das coisas que mais se arrependia era de ter sido um dos autores do botão de “follow” (seguir).
2. Pressure, what pressure?
Pressão? Então olhem para o Guardian cujo CEO David Pemsel está de saída, deixando como herança os primeiros resultados operacionais positivos em 20 anos. Pemsel vai agora liderar a Premier League inglesa e o Guardian procura quem lhe suceda e mantenha os bons resultados.
Se calhar, o problema não é do jornalismo, mas da gestão do jornalismo. Só uma ideia.
3. A notícia deste IPO pode ter sido só um bocadinho exagerada
A startup mais valiosa do mundo não é aquela que pensam. Nem é uma startup, já agora
Chama-se ByteDance, foi fundada em março de 2012 por Zhang Yiming e compete diretamente com outros gigantes da tecnologia, também chineses, como Alibaba, Baidu e Tencent. Mas é sobretudo conhecida por um nome bem pop: TikTok, a app que ressuscitou os extintos vines e lhes deu toda uma nova dimensão.
Esta semana esteve nas bocas do mundo financeiro por causa da notícia da sua possível entrada em Bolsa. Com uma valorização de 78 mil milhões de dólares (quase metade do PIB português), será certamente um acontecimento. Uma notícia desmentida ou não confirmada pelo próprios.
4. Todo um novo sentido para “jogar a dinheiro”
A empresa que desenvolveu o jogo “Counter-Strike: Global Offensive” anunciou que os jogadores vão deixar de poder negociar as chaves compradas no marketplace da plataforma. Eu sei, alguns de vocês estarão a pensar isto não é para mim. Não desistam já destas linhas, porque fica mais interessante. Então o que se passa é que algumas pessoas do mundo do crime descobriram que os videojogos são uma boa forma de lavar dinheiro. Funciona como estão a pensar: entra dinheiro “sujo” que compra dinheiro virtual na plataforma do jogo (ou outros ativos virtuais compráveis no contexto do jogo” e sai dinheiro lavadinho, sem pinga de fiscalização. Com este anúncio houve quem recordasse que também o Fortnite, outro jogo idolatrado por milhões, tem destes problemas.
5. Nem mais uma cerveja do Japão
Com alguma probabilidade, este ano, o Japão não terá conseguido vender uma única cerveja à sua vizinha Coreia do Sul. 99,9% é a estimativa de quebra nas exportações deste produto. Os coreanos continuam a gostar da cerveja do vizinho, mas é quando nos custa que o sacrifício é mais valioso – ou não estivéssemos na Ásia. Em causa estão as compensações pela da 2.ª Guerra Mundial (não pagas) que provocaram um boicote da Coreia a vários produtos japoneses. Em outubro, a marca de roupa Uniqlo conseguiu enervar ainda mais os coreanos com um anúncio por ocasião do seu 25.º aniversário em que uma adolescente de 13 anos perguntava a uma senhora de mais de 98 anos o que é que vestia quando tinha a idade dela. “Não me consigo lembrar do que aconteceu há tanto tempo”, era a resposta numa tradução mais ou menos livre. Parece pacífico, mas é fazer as contas. Quando a senhora tinha 13 anos, a Coreia do Sul era uma colónia, ocupada pelos japoneses. O resto da história, como podem imaginar, não correu bem.
6. Strange Things (mesmo)
Não é a série mas é a plataforma da série. A Netflix quer ofereceraos seus subscritores uma funcionalidade que permite “andar mais rápido” com filmes e séries. Não está a ser pacífico e se pensarmos um bocadinho não faz muito sentido. Ah, mas assim vejo mais rápido, logo posso ver mais séries. Malta, get a life.
7. Not so stranger things
Há meia dúzia de linhas, a velocidade foi destratada.
Nestas linhas, vai ser elogiada.
O novo domínio Google .new (sim para novas versões de tantas coisas que fazemos no browser) pode agora ser usado para simplificar – tornar mais rápidas – uma série de ações rotineiras mediante a adição do shortcut “new”.
Exemplos:
• Playlist.new, para o Spotify.
• Story.new, para uma nova história no Medium.
• Cal.new, para um novo calendário.
8. Ainda o Google
Saíram os resultados do terceiro trimestre da Google. São como o aumento nos nossos impostos há uns anos: brutais. Mas ainda assim, esse ser mítico chamado “mercado” esperava mais.
Foquemo-nos num dos números: as receitas com publicidade somaram 33,9 mil-milhões-de-dólares. Há um ano foram menos 7 mil milhões. Há muita inovação, disrupção, experimentação, laboratório mas a velha publicidade continua a ser a principal fonte de receitas.
9. Um francês e uma americana entram num bar. E sai um anel de noivado
Ou um dote. Não sei bem como catalogar. A LMVH, vulgo Louis Vuitton, fez uma oferta de compra à Tiffany, essa Tifanny da 5.ª avenida de Nova Iorque. Uma oferta de 14,5 mil milhões de dólares.
10. O fim de uma era.
A maior empresa privada de carvão americana declarou falência esta semana. É a oitava baixa no setor em 12 meses. A Murray Energy Corp. fechou devido à redução da procura, à concorrência de importações mais baratas e ao crescimento de fontes de energia renováveis. Bob Murray, presidente e CEO da empresa, tem sido também um dos mais convictos apoiantes de Donald Trump.
Coisas que adoramos saber
Pode ser uma curiosidade que alguns não entendam, mas saber qual o produto mais vendido numa loja ou num supermercado ou os campões de vendas por meses do ano é divertido. Outubro, por exemplo, é o mês em que muitos países compram mais chocolate. Segundo dados do International Trade Centre, 34% dos países no mundo têm piques de importação em outubro entre 2009 e 2018.
Somos capazes de gostar disto
Chama-se Modern Basket e é um site que permite pesquisar locais onde se pode comprar comida saudável. A ideia é de uma engenheira de 27 anos, ex- Facebook e ex-Uber, e também personal trainer.
Ou nem por isso
Um dos disfarces mais procurados para o Halloween deste ano na Califórnia? Uma veste preta, com gola, mangas compridas. Inspiração? Elizabeth Holmes, a fundadora de Theranos, a também afundadora da Theranos, sobre quem já se escreveram livros, fizeram documentários e até um filme protagonizado por Jennifer Lawrence que estreará no próximo ano. A mente dos colonizadores de Sillicon Valley é muito estranha.
Como as coisas são
Gorjetas no Uber, quem dá?
Não se preocupe se estiver entre os que não dão – não está em minoria, antes pelo contrário.
• Só 16% das viagens levam gorjeta
• Só 1% dos passageiros dá sempre gorjeta
• Os utilizadores com rating de 5 estrelas dão gorjetas 14% acima dos que têm 4.75 estrelas
• É 19% mais provável uma gorjeta ser dada por um homem.
Uma sugestão de leitura:
Make pizza great again. Uma bela história de inovação e de falta dela – sobre a Pizza Hut
E o emoji mais usado no mundo é este.