BPI quer ensinar Portugal a falar com robôs com uma exposição gratuita
por Marta Amaral | 29 de Outubro, 2025
Depois do sucesso da primeira edição, o banco regressa com a segunda edição do AI Innovation Garden.
A partir desta quinta-feira, o espaço BPI All in One, no Saldanha, transforma-se num jardim tecnológico onde a IA deixa de ser apenas um conceito abstrato para se tornar algo tangível e, muitas vezes, com feições humanas.
O BPI abre portas no Saldanha para uma exposição interativa dedicada à inteligência artificial e à robótica, que quer surpreender o público com humanoides, cães-robô e até um avatar holográfico capaz de responder a perguntas em tempo real.
A curadoria é de Hugo Silva, que define a mostra como uma missão de literacia tecnológica: “Esta ideia surge quando percebemos que, de facto, esta tecnologia está a ter avanços de uma forma muito, muito rápida e há uma dificuldade imensa para que as pessoas tenham acesso e percebam esta velocidade em que tudo isto está a ocorrer”, explica.
Para o curador, o ritmo acelerado da inovação cria o desafio social de compreender o impacto da IA antes que ela se torne invisível, integrada em tudo o que fazemos.
“Na realidade, estamos a falar de uma nova revolução e é diferente de todas as outras, precisamente por isto que eu disse, pela rapidez”, acrescenta.
A exposição reúne robôs de várias partes do mundo, da China aos Estados Unidos e coloca o público frente a frente com máquinas capazes de aprender, reagir e interagir. “Os protagonistas desta exposição são os nossos robôs, este ano. Têm aqui uma permanência muito grande”, sublinha Hugo Silva.
Em exibição
Entre os destaques estão o G1, um robô humanoide da empresa chinesa Unitree, “capaz de andar, correr, acenar e cumprimentar os visitantes com um aperto de mão”, e o Go 2, um cão-robô ágil que responde a comandos de voz. Ambos foram concebidos com uma vertente educativa: “Há a possibilidade de programá-los para fazerem determinado tipo de “agilidade” ou função. São os primeiros robôs comercializados.”
Mas há também espaço para o lado mais humano da tecnologia. Um robô de companhia conversa com crianças usando modelos como o ChatGPT, ajudando-as nos trabalhos de casa com controlos parentais incluídos. “Quando aparece uma pergunta que possa parecer mais sensível, os pais ou os educadores recebem alertas sobre algo que não esteja tão alinhado com a sua função”, explica o curador.
Como peça central, destaca-se o BOT, um holograma (avatar holográfico) com uma estrutura humana que recebe os visitantes à entrada e responde, em tempo real, a perguntas sobre a exposição.
“Mais do que uma mostra de tecnologia, o AI Innovation Garden pretende desmistificar todos os medos que existem à volta desta tecnologia e democratizá-la. Nós dizemos que, aqui no BPI, estamos a fazer praticamente um serviço público”, acrescenta.
O sucesso tem sido tal que já há planos para levar a exposição para outros países.
“Mais do que uma ação de comunicação”
A iniciativa enquadra-se na estratégia de inovação do BPI, que vê na inteligência artificial um instrumento para melhorar a relação com os clientes e preparar os colaboradores para o futuro.
“Este é o segundo ano que temos o nosso AI Innovation Garden. O ano passado foi um enorme sucesso, tivemos mais de 18 mil pessoas a visitar, ganhámos prémios, um enorme envolvimento da sociedade com esta exposição”, recorda Afonso Eça, administrador do BPI.
Nesta segunda edição, há “o dobro do espaço, ainda mais conteúdos, ainda mais experiências”, e um novo foco: a robótica. Para o banco, a exposição é também um exercício de responsabilidade social.
“Está no nosso ADN a parte da inovação, mas também está no nosso ADN a responsabilidade social e, numa altura em que temos tanta mudança à volta deste género de tecnologias, é fundamental termos as pessoas informadas”, afirma o administrador.
O BPI aplica já soluções de IA em várias áreas, desde o atendimento ao cliente à eficiência operacional. “O nosso grande objetivo é servir bem os nossos clientes com enorme qualidade, com rapidez, e estas tecnologias ajudam-nos a fazer isso. Já temos tecnologia em muitas áreas no banco, obviamente a inteligência artificial está a dar os seus passos”, explica Afonso Eça.
A transformação, admite, traz desafios: gerir a mudança, formar as pessoas e ajudá-las a compreender e tirar partido das novas ferramentas.
“Nos clientes, não vejo essa desconfiança ou pelo menos esse receio, também porque vamos fazendo uma abordagem progressiva a estes temas e vamos incutindo a inteligência artificial onde é necessário e não como um fim em si mesmo.”
Para o futuro, o administrador é otimista: “A inteligência artificial vai estar embebida em tudo o que nós fazemos na sociedade. Provavelmente daqui a 5 anos vamos falar muito menos de inteligência artificial do que falamos hoje em dia, porque se tornou parte do nosso quotidiano.Acho que vai tornar o mundo um sítio bastante melhor, desde que saibamos gerir bem os riscos e a adoção de todo este tipo de coisas.”, conclui.
O BPI AI Innovation Garden abre ao público no dia 29 de outubro, no BPI All in One, Saldanha, em Lisboa. A entrada é gratuita.