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Black Myth: Wukong. Videojogo vendeu milhões de cópias em poucos dias com polémica à mistura

por Gabriel Lagoa | 30 de Agosto, 2024

Lançado no passado dia 20, Black Myth: Wukong juntou mais de dois milhões de jogadores em simultâneo e foi direto ao pódio dos mais populares na no marketplace Steam. Ainda assim, comentários sexistas e assédio aos críticos têm marcado a estreia.

Depois de seis anos no “forno”, eis que o estúdio chinês Game Science serve aos jogadores de todo o mundo um single-player de ação e RPG chamado Black Myth: Wukong. O jogo é inspirado na mitologia chinesa e foi lançado este mês para computador e PlayStation 5. Na prática, os jogadores são colocados na pele do Destined One, um personagem que tem o papel de seguir os passos de Sun Wukong, o Rei Macaco, numa busca por seis relíquias de Wukong. A história é também baseada em Journey to the West, um clássico da literatura chinesa. 

A antecipação era elevada até porque, pelas primeiras imagens que foram surgindo, julgava-se que o título ia contar com alguns elementos souls-like, numa referência à conhecida série de videojogos Dark Souls.

O lançamento do Black Myth: Wukong fica marcado por um sucesso inicial que é considerado impressionante: o jogo foi lançado a 20 de agosto e em três dias vendeu 10 milhões de cópias, o que dá uma receita superior a 450 milhões de dólares. Além disso, em menos de 24 horas, atingiu o segundo lugar dos jogos mais populares na loja digital Steam, com mais de dois milhões de jogadores em simultâneo, o que superou títulos como Elden Ring e Cyberpunk 2077. Para pôr as coisas em perspetiva, o jogo também bateu recordes de visualizações na China, e até levou algumas empresas do país a darem folgas aos funcionários para que pudessem jogar o recém lançado título, com outras a reembolsarem o valor do jogo aos seus trabalhadores (será que a tendência vai chegar a Portugal?). 

De onde vem a polémica?

No entanto, apesar do entusiasmo inicial, o recém-lançado Black Myth: Wukong tem enfrentado uma boa dose de controvérsia, com uma principais polémicas a ter surgido após uma publicação da IGN que revelou supostos comentários sexistas feitos pelos fundadores do estúdio e outros membros da equipa, indicando uma alegada cultura de trabalho tóxica. Quando questionada sobre estas alegações, a Game Science recusou comentar, limitando-se a responder apenas a perguntas relacionadas com o jogo, de acordo com a IGN.

Mais: segundo a Rolling Stone, a controvérsia intensificou-se quando um email com diretrizes da equipa de marketing do jogo, enviado a criadores de conteúdo, foi publicado nas redes sociais. A mensagem incluía uma lista de tópicos a evitar, como “propaganda feminista”, “COVID-19” e “conteúdo relacionado com políticas industriais da China, opiniões e notícias”. Embora estas diretrizes não fossem obrigatórias, o facto é que geraram uma reação negativa na comunidade.

Quem faz críticas ao jogo também parece estar a ser alvo de assédio. A publicação ScreenRant escreveu uma avaliação do Black Myth: Wukong e o autor do trabalho teve o seu nome removido do artigo por alegadas questões de segurança. A publicação classificou o jogo com três em cinco estrelas e mencionou a “falta de inclusão e diversidade” na crítica. Há também o caso de publicações com informações falsas que foram partilhadas nas redes sociais, com avaliações da IGN, por exemplo, que nunca foram feitas. Já na Steam, a loja digital onde é vendido o jogo, as críticas apresentam comentários homofóbicos, segundo a Rolling Stone. 

Apesar das polémicas que estão a marcar a estreia de Black Myth: Wukong, o jogo continua a manter uma classificação “extremamente positiva” na Steam, com mais de 277 mil avaliações. 

Mercado dos videojogos mantém trajetória de crescimento

A indústria mundial dos videojogos é um negócio de milhares de milhões de dólares e assim o é há muitos anos. A procura, seja por jogos de computador ou para consolas, não mostra sinais de abrandamento e prova disso são os dados da Statista, que avaliam este mercado em 455 mil milhões de dólares em 2024. Segundo as estimativas, o numero vai ultrapassar os 666 mil milhões em 2029

De acordo com a plataforma de estatísticas, a Nintendo, Microsoft e Sony são os três big players nesta indústria e devido à vantagem que têm no que às infraestruturas diz respeito, estas três empresas acabam por ser as maiores publishers de videojogos a nível mundial, com milhares de milhões de dólares a entrarem nos cofres todos os anos. Segundo os dados mais recentes, as três representam 29% do total das receitas da indústria dos videojogos, sendo a Sony a empresa com maior quota de mercado entre as principais. 

As tendências atuais do setor parecem acompanhar as novas tecnologias, com destaque para o cloud gaming, em que o jogo é executado em servidores remotos e transmitido diretamente para o dispositivo do jogador através da internet (uma ajuda quando a memória da consola já teve melhores dias). A realidade virtual também está em ascensão, com previsões de receitas globais de 3,2 mil milhões de dólares em 2024. Além disso, os jogos multiplataforma, como FIFA e Call of Duty, continuam a ser os mais lucrativos, com uma crescente procura por títulos crossplay. Este ano, entre os jogos mais vendidos estão o College Football 25, Helldivers 2 e Call of Duty Modern Warfare 3.

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