Bill Gates ainda mexe os cordelinhos na Microsoft
por Abílio dos Reis (Texto) | 6 de Maio, 2024
Nos últimos anos, quando pensamos em Bill Gates, a nossa mente tende a ir mais para o Bill Gates filantropo que quer doar a sua fortuna e menos no homem que passava noites a fio a fazer crescer a sua empresa e a mudar a nossa relação com os computadores. No entanto, a julgar pelo teor de uma notícia recente, o quinto homem mais rico do mundo ainda está a mexer os cordelinhos na Microsoft.
Segundo uma investigação da Business Insider, citando fontes ligadas à Microsoft, além de conselheiro de Satya Nadella, o atual CEO, Bill Gates também analisou produtos, teve influência no recrutamento de cargos importantes e tem estado envolvido na parceria da Microsoft com a OpenAI.
- Breve história do percurso: Bill Gates cofundou a Microsoft em 1975 com Paul Allen, que faleceu em 2018. Foi CEO até 2000, tendo sido substituído nesse ano e passado a liderar a divisão de software até 2006, cargo que acumulou ao de presidente do conselho de administração até 2014. Permaneceu no conselho de administração até março de 2020, altura em que apresentou a demissão para se dedicar à filantropia (esta é a versão oficial, mas a saída aconteceu a meio de uma investigação sobre denúncias de comportamentos inadequados de Gates para com funcionárias, acusações de ter tido um caso extraconjugal, e de ter tido vários encontros com Jeffrey Epstein).
Ou seja, segundo a notícia, Nadella é o “rosto público do sucesso da empresa em matéria de Inteligência Artificial”, mas é Bill Gates o verdadeiro estratega e o “homem por detrás da cortina”.
A relação com a Open AI
Reza a história que o casamento da Microsoft com a OpenAI foi orquestrado por Kevin Scott, o diretor de tecnologia da empresa. Scott conhecia Altman há anos e, no verão de 2018, organizou um encontro entre Altman e Nadella. Os três terão conversado e as ideias revelaram sinergias — que ultimamente resultaram num acordo que ditou a sua estreita e mais do que conhecida colaboração.
Mas, segundo a Business Insider, há um detalhe omisso entre as entrelinhas: Gates tem mantido uma relação próxima com a OpenAI desde 2016 e foi ele que, em 2022, já depois de ter saído da administração da Microsoft, desafiou Altman e a OpenAI a criarem um modelo de IA capaz de passar num complicado teste de biologia, coisa que Gates acreditava não ser possível.
- Resultado do desafio: em agosto de 2022, Sam Altman foi a casa de Gates revelar o GPT-4 em primeira mão durante um jantar (o GPT-4 só ficou disponível ao público em março de 2023). A notícia, de resto, até vai mais longe nesta relação de Bill Gates e Sam Altman. Além de uma fonte explicar são que “bons amigos”, é referido que a “OpenAI leva a sério” a opinião do veterano da Microsoft.
Papel de Gates vai além da OpenAI
Ao longo dos anos, de acordo com a Business Insider (BI), Gates também tem feito duas coisas: dado feedback sobre os produtos e pressionado a Microsoft a apostar em produtos turbinados a IA virados para o consumido (como o popular Copilot).
Ou seja, há quem veja na contratação por parte da Microsoft de Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind e alguém que passou muitos anos na Google, como uma influência de Gates em Nadella e na sua estratégia.
A negação e o futuro
Apesar do artigo sugerir que Bill Gates ainda está envolvido na operação da Microsoft, um porta-voz da empresa negou à BI que isso seja verdade: “É fundamentalmente incorreto e não corresponde à realidade”. Nem Gates está envolvido nas operações diárias, nem a sua relação com Altman é mantida em prol do interesse da empresa.
Isto é, oficialmente, Bill Gates não está envolvido no presente ou futuro da Microsoft, mas sim empenhado noutra missão: em dar “praticamente” toda a sua riqueza à Fundação Bill e Melinda Gates e, eventualmente, sair da lista das pessoas mais ricas do mundo.
- De acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, tem um património líquido de 149 mil milhões de dólares (mais de 138 mil milhões de euros).
Certo é que, a ser verdade aquilo que corre nos bastidores, a sua missão pessoal parece que se estende além da filantropia. E, mesmo estando agora com 68 anos, graças à sua sugestão para se apostar em produtos turbinados a IA virados para o consumidor (como o popular Copilot), a Microsoft está novamente no topo e focada na tecnologia que muitos acreditam vir a dominar o futuro.
Subscreva a nossa newsletter NEXT, onde todas as segundas-feiras pode ler as melhores histórias do mundo da inovação e das empresas em Portugal e lá fora.