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Beta Start. O futuro do turismo é sustentável

por Miguel Magalhães (Texto) | 21 de Março, 2024

O Showcase Day decorreu esta quarta-feira no pólo de turismo da NOVA SBE e marcou o desfecho da 3ª edição do programa de inovação da Beta-i e do Turismo de Portugal.

Segundo os World Travel Awards 2023, Portugal é o Melhor Destino Turístico Europeu, mas os desafios de sustentabilidade do setor continuam a ser uma realidade. Para tornar este ramo mais green e eficiente, o Turismo de Portugal e a consultora de inovação colaborativa Beta-i juntaram-se ontem no Showcase Day do programa de aceleração Beta Start, onde 20 startups fizeram pitch das ideias que prometem redefinir um dos setores com maior impacto em Portugal.

A gestão de recursos, a eficiência energética e o impacto das atividades turísticas nas comunidades têm sido algumas das principais dificuldades do constante aumento do turismo, que ainda tem muito por onde explorar no que toca à digitalização, desmaterialização e mobilidade inteligente, capazes de revolucionar a experiência do turista. Para resolver estes desafios, 20 startups chegaram à fase final da terceira edição do programa e apresentaram as suas propostas perante uma atenta audiência de investidores, empreendedores e players de relevância no setor do Turismo.

“Os programas de inovação e a interação entre startups, empreendedores, empresas e entidades de diferentes setores são pilares estratégicos na resposta aos desafios atuais e futuros do turismo. O Beta Start é um programa criado para acelerar soluções que sejam capazes de melhorar a sustentabilidade do turismo. Ao apoiar este programa no âmbito do Programa FIT 2.0 – Fostering Innovation in Tourism, o Turismo de Portugal procura incentivar a implementação de novas soluções, nessa dimensão, ao longo de toda a cadeia de valor do turismo”, afirma Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal.

O que mudou face às edições anteriores?

“Nesta terceira edição do Beta-Start, houve um esforço grande do nosso lado para criar um ecossistema à volta das startups, quer com as empresas que davam apoio, quer com o contacto com potenciais clientes finais, quer na relação com mentores e investidores que este ano foram um foco central”, partilha Manuel Tânger, Chief Innovation Officer da Beta-i. 

Ao longo de três meses, as startups selecionadas entre as 97 candidaturas puderam trabalhar com o apoio de entidades institucionais como a ADENE, Brisa, Sporting Clube de Portugal, NEST, Nova Turismo e Hospitalidade, Deloitte, Vodafone e Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality. Estes parceiros, também mentores, fizeram parte de um percurso personalizado de mentoria, workshops e networking, que culminou agora no evento final do Showcase Day. Ao juntar vários investidores early stage de Portugal, tais como COREangels, Portugal Ventures, Bynd, Ground Capital, Indico, BlueCrow Capital, LC Ventures e Olisipo Way, a terceira edição do Beta Start assumiu o objetivo de aumentar o número de investimentos em startups early stage no país.

Outra componente interessante foi a presença de 6 startups internacionais dentro das 20 escolhidas, o que permitiu uma partilha cultural e de formas de trabalhar entre equipa e com parceiros ainda mais acentuada do que em anos anteriores.

Os projetos

Entre as ideias, encontra-se uma aplicação móvel que facilita a criação, personalização e partilha de itinerários com recurso à inteligência artificial, produtos portáteis capazes de aquecer ou arrefecer refeições sem emitir dióxido de carbono e a próxima geração de materiais de construção que oferecem métodos de purificação do ar para infraestruturas mais sustentáveis.

“O meu objetivo com o programa era refinar o meu produto. Quem me dera que quando criei a minha primeira empresa em 2001, houvesse um programa de aceleração como este, era um deserto. A parte de mentoria é espetacular porque as pessoas estão a dar-te o seu tempo e nota-se que têm um brilho no que estão a fazer. Na parte de negócio, fechámos com quatro unidades hoteleiras através de um contacto do programa”, diz Gonçalo Salgado, CEO da Wander Gift, uma das empresas que participou no programa e que criou um marketplace para produtos artesanais e locais portugueses que turistas podem adquirir através de QR Codes distríbuídos por Airbnbs, alojamentos locais e hóteis e que lhes é entregue diretamente no quarto.

Do lado dos mentores, o feedback recolhido junto de parceiros do Beta Start foi o de que mais do que a criação imediata de negócio, o programa é uma ótima plataforma para identificar talento e equipas com potencial para criar algo de valor.  “Para nós interessa-nos principalmente as pessoas porque é muito provável que aquilo que eles [as startups] apresentam aqui não seja o que depois acabam por desenvolver. Queremos perceber como reagem ao feedback, ao confronto de ideias e se são capazes de se adaptar”, explicou Pedro Bandeira, Co-Founder da COREangels, um fundo de investimento focado nas rondas Pre-Seed e Seed.

A startup vencedora desta edição do Beta Start acabou por ser a americana Wayfarer Solutions, uma plataforma de customer engagement que pode ser utilizada em vários verticais do turismo desde campanhas de marketing gamificadas ao desenvolvimento de experências personalizadas para o utilizador final.

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