As Portuguesas. Uma tecnologia para pôr fim ao “até gosto, mas não sei como me fica”
Há quem não troque o comércio físico por nada deste mundo. Afinal, ir comprar uns sapatos e não saber como nos ficam no pé pode deixar-nos… de pé atrás na hora de pagar um produto de que não temos a certeza se gostamos. Mas e se houvesse uma forma de mudar isso? A app As Portuguesas foi desenvolvida pela marca com o mesmo nome e, através da realidade aumentada, mostra o efeito do modelo escolhido como se estivéssemos calçados.
“As pessoas apontam o telemóvel para os seus pés e veem o nosso produto, As Portuguesas, nos seus pés. Escolhem os modelos e as cores. Podem tirar uma foto ao modelo ou caminhar e a seguir compram através da aplicação”. As palavras são do CEO e fundador d’As Portuguesas, Pedro Abrantes. Para já, não pretende vender a aplicação, no entanto não fecha portas a essa hipótese. A app está disponível para smartphones iOS, no verão também os Android vão poder descarregá-la.
O conceito da marca assenta acima de tudo na ecologia, com a premissa de o produto ser 100% sustentável. “Não existe plástico dentro desta empresa. É tudo amigo do ambiente”, garante o CEO. A marca usa maioritariamente cortiça e outros materiais como grãos de café, algodão, lã e borracha natural.
As Portuguesas começaram, em 2014, por produzir apenas chinelos, numa altura em que Pedro Abrantes estava ciente da sua paixão pela indústria do calçado e da cortiça e se apercebeu de que “havia uma falha de mercado: não havia um flip-flop sustentável”. Depois seguiram-se os sapatos e as botas, já com o empurrão de novos sócios. Logo no início, a startup contou com o investimento do Grupo Amorim, o maior grupo de transformação de cortiça do mundo. Em 2018, juntou-se também à Fortunato Frederico, do lado da produção de calçado.
O processo de produção destes sapatos não deixa de ser mais uma boa história para contar. As solas de cortiça são feitas dos restos usados para produzir rolhas para vinhos. O segredo está na casca dos sobreiros que crescem algures entre Trás-os-Montes, o Ribatejo e o Alentejo, mas antes… fecham-se umas garrafas. A cortiça é misturada com borracha natural e, bem a norte, numa fábrica em Paredes de Coura, faz-se o produto final.
O nome “As Portuguesas” não engana e assenta que nem uma luva, ou melhor, que nem um sapato, quando sabemos que a produção é totalmente feita no nosso país. “Havia as Havaianas, as Ipanema, e sendo este um produto português, com uma matéria-prima portuguesa foram As Portuguesas”, conta Pedro Abrantes.
As Portuguesas vendem-se na app ou no site da marca. “Não somos muito fortes nas sapatarias”, diz o CEO, que avança ainda que, em termos físicos, As Portuguesas vendem essencialmente em hotéis, restaurantes, aeroportos, ou até mesmo museus como o CCB, ou o Museu Nacional dos Coches, ou em espaços como o Oceanário. Lá fora, a startup vende para vários países da Europa, da Ásia, para os Estados Unidos, para a Austrália e para a Nova Zelândia.
Apesar do selo português, Pedro Abrantes não considera que esse seja um critério para os clientes na hora de comprar. Segundo o fundador da empresa, o cliente típico d’As Portuguesas é aquele que procura um produto sustentável “e que se preocupa com as futuras gerações”. Nem de propósito, a marca vira-se agora precisamente para os mais jovens e afirma que a app onde é possível os sapatos nos próprios pés é também uma estratégia de aproximação “à geração z”.