Apenas 8% das empresas portuguesas utilizaram soluções de IA em 2023
por Gabriel Lagoa | 10 de Outubro, 2024
Estudo da Google revela baixa adoção de IA em Portugal, com apenas 7% das PMEs a utilizarem a tecnologia. No entanto, o potencial económico é significativo, podendo aumentar o PIB em 8% na próxima década.
Apenas 8% das empresas portuguesas utilizaram soluções de inteligência artificial (IA) em 2023, revela um estudo divulgado esta terça-feira pela Implement Consulting Group, em parceria com a Google.
A análise mostra que 35% das grandes empresas portuguesas implementaram soluções de IA no ano passado, o que contrasta com apenas 7% das PMEs no mesmo período. As pequenas e médias empresas compõem a grande maioria do tecido empresarial português.
Apesar da baixa taxa de adoção, o estudo indica um potencial de crescimento significativo. De acordo com o documento, 43% das empresas em Portugal antecipam impactos significativos de produtividade da IA generativa nos próximos cinco anos. Além disso, 38% planeiam investir em automação baseada em IA durante o mesmo período.
O relatório projeta que a IA generativa pode representar um aumento de 8% no Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal dentro de uma década. Ou seja, este impulso traduz-se num potencial de 18 a 22 mil milhões de euros anuais para a economia portuguesa no ano de pico de adoção desta tecnologia.
O impacto da IA no mercado de trabalho português é um dos pontos centrais do estudo. Prevê-se que 60% dos empregos (cerca de 3 milhões) serão complementados pela IA generativa, 34% não serão afetados, e 6% (aproximadamente 300 mil) poderão ser parcial ou totalmente deslocados. O documento sublinha que esta transição será gradual, permitindo aos trabalhadores adaptar-se a novas tarefas e desenvolver novas competências.
Os setores de serviços são apontados como os principais beneficiários da IA generativa, representando cerca de 85% do potencial económico. Os serviços empresariais intensivos em conhecimento, a administração pública, a educação e a saúde são destacados como áreas com maior potencial de ganhos de produtividade.
O estudo alerta também para a importância de Portugal agir rapidamente para capturar os benefícios da IA. Por exemplo, um atraso de cinco anos na adoção generalizada desta tecnologia poderia reduzir o potencial de aumento do PIB de 8% para apenas 2%, o que representa uma diferença significativa no impacto económico.
Para maximizar os benefícios da IA, o relatório apresenta algumas recomendações:
- Investir em investigação e desenvolvimento em IA;
- Promover a adoção generalizada e acessibilidade universal da tecnologia;
- Desenvolver capital humano e uma força de trabalho capacitada em IA;
- Investir em infraestrutura e poder computacional;
- Criar uma regulação de IA conducente e alinhada.
O documento também aborda o potencial da IA para ajudar a enfrentar desafios como as alterações climáticas e a melhoria dos cuidados de saúde. No setor da saúde, por exemplo, 64% dos portugueses apoiam o uso de ferramentas de IA para rastrear os seus dados médicos, de acordo com uma sondagem citada no estudo.
Quanto ao potencial da IA no setor do turismo em Portugal, é estimado um aumento de valor acrescentado de mil milhões de euros em dez anos. A tecnologia pode melhorar a eficiência operacional no local, contribuir para esforços de preservação e distribuição mais estratégica de recursos, além de enriquecer as experiências de viagem dos indivíduos através de recomendações personalizadas e assistência prontamente disponível.
A análise compara a prontidão de Portugal para a IA com outros países europeus, utilizando o Índice Global de IA da Tortoise Media. Portugal apresenta um bom desempenho em termos de ambiente operacional, mas precisa de melhorar a sua estratégia governamental e infraestrutura para alcançar os líderes digitais europeus.
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