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Ambi.careers quer ser a casa do “talento não tech” a nível mundial

por Marta Amaral | 13 de Fevereiro, 2025

A startup desenvolveu um marketplace que conecta os profissionais com um background menos técnico (como marketing e operações) com as melhores empresas tecnológicas.

Fundada em 2023 por Leo Capelossi, a ambi.careers nasceu como uma agência de recrutamento headhunting tradicional.

Numa altura em que os trabalhadores e empregadores não tinham facilidade em encontrar vagas e perfis, a empresa de  Capelossi viu no problema uma oportunidade e passou a priorizar a qualidade através de uma seleção rigorosa dos candidatos.

Ao mesmo tempo, as empresas estavam insatisfeitas com o Linkedin e portanto era mais uma razão para um serviço deste género fazer sentido. “A qualidade de aplicação era muito baixa, apenas 2% a 5% dos talentos encontrados eram interessantes para diferentes posições”, explica o CEO da ambi.careers.

Só mais tarde é que surgiu a especialização em recrutamento de trabalhadores não tech como uma necessidade dentro da agência. “Estando na área de talento há muito tempo, acompanhei todo o caminho das áreas de TI, que cada vez mais precisavam de talento não-tech onde há muita escassez”, refere Capelossi.

Um marketplace que conecta os melhores candidatos não tecnológicos

A novidade é o lançamento de um marketplace “quase self-service” onde as empresas conseguem adicionar a sua própria vaga e receber candidaturas a partir de uma base de perfis dinamizada pela ambi.careers.

O foco está na qualificação em áreas não-técnicas que faça com que agência de recrutamento especializado “passe a ter um matching mais simples, mais rápido e mais fácil”, refere Leo Capelossi.

O perfil dos candidatos da ambi.careers

“Todas as posições que não são de software development”. 

Leo Capelossi conta-nos que entre 40 a 45% das posições das empresas tech são trabalhadores não tech, ou seja, falta talento tech – “nenhuma empresa sobrevive só com software, nem só com o produto”. À medida que a empresa cresce, “todas as áreas de negócios são fundamentais”, acrescenta.

Quando uma empresa começa a atingir um certo nível de maturidade é quando a ambi.careers começa a surgir na equação dado que é quando a procura por este tipo de profissionais se torna mais urgente.

Entre os departamentos mais cobiçados pelas empresas TI estão áreas como Vendas, Marketing, Recursos Humanos, Finanças, Departamento Legal,  e outras. Muitas startups começam com uma equipa de gestão com um background mais técnico e há medida que é necessária mais especialização, é normal que haja uma necessidade maior por este tipo de perfis.

Como é que a ambi.careers gera negócio?

A principal estratégia é feita com base em parcerias com hubs tecnológicos e fundos de investimento

“Estamos acelerados dentro da Unicorn Factory, que tem centenas de startups na rede, somos um parceiro de confiança para estas aceleradoras a quem damos descontos e condições especiais para que todas as startups desse hub tecnológico venham ter com a ambi.careers”, partilha Capelossi.

O mesmo acontece com fundos de investimento, venture studios e hubs de talento que têm na sua rede muitas empresas tecnológicas. 

“É desta forma que geramos mais negócio e construímos um caminho orgânico de empresas que vêm ter conosco pelo conteúdo que geramos. E pretendemos gerar cada vez mais”, refere Capelossi.

O recrutamento

“Hoje é uma seleção bastante criteriosa e quase totalmente humana, com alguma ajuda da tecnologia”, explica o fundador da ambi.careers.

A plataforma está toda em inglês, por isso é essencial que a pessoa fale ou domine a língua para conseguir interagir bem com as diferentes funcionalidades. 

Numa primeira fase, o candidato é exposto a uma série de filtros e responde a perguntas de escolha múltipla que ajudam a traçar o seu perfil e a experiência profissional. Depois, no final da primeira triagem (e depois de ser avaliado o seu perfil no Linkedin), o candidato chega a uma fase decisiva que consiste em responder a esta pergunta-chave: “Porque deverias estar na ambi.careers”? 

Quando a resposta convence a agência, os candidatos passam automaticamente para a primeira fase.

É ainda um processo muito manual, mas o CEO da ambi.careers diz querer “numa fase mais avançada, implementar um novo método mais tecnológico”.

IA no recrutamento?

“Tenho estado bastante atento, vejo que a IA está a avançar muito rápido. Não tenho dúvidas de que teremos que implementar várias features e várias soluções dentro da própria plataforma que facilitem o recrutamento ou que facilitem a aplicação por parte dos candidatos”, admite.

Recentemente, conta Léo Capelossi, a empresa fez um estudo interno onde perguntou aos candidatos se gostavam de passar a receber uma chamada de um entrevistador de IA que iria fazer uma pré-entrevista.

“Mais de metade dos inquiridos respondeu que não, ou seja, que preferia que a entrevista fosse feita com seres humanos”, explica.  

O fundador da ambi.careers descarta também a substituição de cargos pela IA: “Sou uma pessoa que trabalha com outras pessoas, que contrata pessoas, e as pessoas, naturalmente, vão sempre buscar a conexão humana”.

Em relação aos perfis procurados pelas empresas, Léo considera que “a IA vai ser uma mais valia”, mais que não vai ser um requisito competitivo por si só.

Próximos passos da ambi.careers

A plataforma da ambi.Careers conta com 3000 profissionais inscritos de pelo menos 20 países.

“Temos profissionais super qualificados que vêm de unicórnios tanto europeus como americanos, de startups em early stage que estão à procura de um próximo passo. Além disso, temos pessoas de empresas grandes, de tecnológicas também, que, às vezes, estão à procura de posições em empresas menores”.

A plataforma está disponível no mundo inteiro, no entanto, a maioria dos profissionais está na Europa (sobretudo em Portugal e Espanha): “Portugal está a responder muito bem. Eu tenho estado entre Portugal e Espanha, e estou baseado entre Valência e Lisboa”, conta Leo Capelossi.

A estratégia passa por apostar primeiro nestas regiões onde estão mais presentes para  depois expandir para novos mercados, nomeadamente o Brasil e os EUA.
“A ideia é que em 2025 cheguemos a pelo menos 20 mil candidatos qualificados e selecionados”, conta, “temos uma plataforma cheia de dados, de candidatos de áreas diferentes, de lugares diferentes. Sabemos dados de salários, sabemos o que eles querem, sabemos quais são as áreas”.

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