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A Netflix já parece um canal de televisão

por Miguel Magalhães (Texto) | 18 de Outubro, 2022

Depois de revolucionar o modelo de negócio da televisão, a Netflix está preparada para dar dois ou quatro passos atrás. Depois de anos a recusar o modelo de publicidade que era praticado pelos canais lineares (diga-se canais de televisão), a pressão por parte de investidores para manter níveis de crescimento consideráveis colocou o serviço de streaming entre a espada e a parede.

Nos últimos anos, a empresa liderada por Reed Hastings e Ted Sarandos, foi-se tornando uma figura cada vez maior no mundo do entretenimento, ultrapassando os 220 milhões de subscritores no mundo inteiro e levando a que todos os principais players da indústria (e não só) tentassem replicar a sua estratégia.

Com o sucesso de uns e o mau fado de outros, a verdade é que o mercado do streaming se tornou super competitivo e deixou de ser apenas sobre a aquisição de subscritores para se tornar uma luta pelo orçamento das famílias. Com tantos serviços disponíveis e com a situação económica incerta, a questão é cada vez menos sobre um acréscimo e cada vez mais sobre qual deles manter. E a Netflix sofreu muito com isso, mesmo sendo o maior serviço de streaming.

  • 2021: o crescimento de subscritores desacelerou.
  • Nos dois trimestres de 2022: a plataforma perdeu pela primeira vez subscritores.
  • No próximo trimestre: espera adicionar cerca de 1 milhão de subscritores.

Subiu o preço das modalidades de subscrição, cortou a despesa em novos conteúdos, mas no final do dia, a empresa responsável por “The Crown” e “Stranger Things”, chegou a uma conclusão que tinha, até agora, rejeitado: o modelo assente em publicidade é capaz de não ser tão mau quanto isso (diga-se anúncios, dado que a empresa já faz product placement em vários dos seus conteúdos).

Ao permitir anúncios na plataforma, a Netflix pode não só criar um canal de receita adicional, como uma modalidade onde pode cobrar menos aos subscritores. O racional passa por mesmo tendo uma subscrição mais barata, com a publicidade, a Netflix consegue margem para, em média, gerar mais receita por subscritor.

  • O nome: este novo serviço vai-se chamar “Basic with Ads”, foi desenvolvido em parceria com a Microsoft e vai custar 6.99 dólares por mês (nos EUA).
  • A duração: cada anúncio terá a duração de 15 ou 30 segundos e vai aparecer antes e durante cada conteúdo, totalizando 4-5 minutos em média, por cada hora visualizada.
  • Os anunciantes: podem escolher não estar associados a certos tipos de conteúdos, não vão poder estar presentes em novos filmes ou conteúdos para crianças e vão contar com o serviço de ratings da Nielsen (a partir de 2023) para analisar o alcance e impacto dos seus anúncios.
  • Os utilizadores: não vão poder fazer download de séries e filmes para ver em offline.

Não há data ainda para o serviço ser lançado em Portugal.

Ler mais: A Apple também está a trabalhar num modelo de anúncios para o seu serviço de streaming.