A economia depois de Wuhan. A China caiu primeiro e primeiro se está a levantar
A primeira economia a sofrer os efeitos da pandemia por covid-19 foi a da China, que entre controlo de fronteiras, quarentena obrigatória, adiamento de estreias de cinema e desaceleração do comércio externo, deixou de conseguir ter a produtividade a que nos habituou nos últimos anos. Sendo uma das potências económicas mundiais, o período mais conturbado que a China passou estendeu-se aos restantes mercados internacionais que também se ressentiram do menor poder compra dos chineses.
Depois de três meses e mais de 80 mil casos de infeção do coronavírus, a China começa agora a mostrar os primeiros sinais de recuperação. A quarentena obrigatória foi levantada e a maior parte das regiões chinesas, nomeadamente Wuhan, vão pouco a pouco tentando regressar à normalidade, com a abertura de lojas e locais que durante várias semanas estiveram fechados.
De acordo com Euler Hermes, acionista da COSEC – Companhia de Seguros de Crédito, “ a China já está a operar a 75% da sua capacidade evidenciando um ponto de viragem que deverá reduzir-se num retorno gradual aos valores normais de produção até ao final de abril”. Contudo, isto não invalida que a potência asiática deixe de registar no primeiro trimestre de 2020, o seu pior resultado económico desde que abriu os seus mercados a investimento estrangeiro na década de 70, de acordo com a Forbes.
O aumento gradual na capacidade produtiva chinesa nos próximos meses não conseguirá apagar a performance em janeiro e fevereiro, em que a produção industrial desceu 13.5% comparado com o período homólogo e onde os lucros desceram em 6.5% também influenciados pela guerra comercial que a China travou com os EUA durante grande parte de 2019, com taxas em diversas categorias de produtos e matérias-primas de parte a parte.
Sem surpresa, nos primeiros dois meses do ano, as exportações (17%) e as importações (4%) caíram, devido a esta situação. Também no mercado imobiliário se observou a mesma tendência com o volume de transações a permanecer 70% abaixo do registado durante o ano passado.
Este panorama, aliado à demora na recuperação de confiança por parte do consumidores irá colocar certamente desafios à economia chinesa que no século XXI se habituou a estar sempre à frente dos demais. Porém, com a situação europeia longe de estar resolvida e com sinais de que poderá ser mais grave do que a observada no continente asiático quem sabe se o coronavírus não dará à China uma oportunidade de ganhar uma nova vantagem sobre o Ocidente.