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Era uma vez uma startup de turismo que fintou os “tubarões” e cresceu 50% durante a pandemia

por | 10 de Janeiro, 2021

Era uma vez uma startup de turismo que fintou os "tubarões" e cresceu 50% durante a pandemia

Cada vez mais conseguimos encontrar respostas à distância de um clique e essa é a máxima de HiJiffy, que trouxe um projeto inovador para o turismo e já o conseguiu levar além-fronteiras. A startup portuguesa criou um assistente virtual para hotéis, que opera em várias plataformas de chat (Whatsapp, Facebook Messenger e outros serviços usados nos mercados internacionais).

O nome da empresa sugere imediatismo por si só, já que “Hi” singnifica “olá” em inglês e “in a jiffy” significa “no momento”, no mesmo idioma. E o objetivo é mesmo esse: responder o mais rápido possível às dúvidas dos hóspedes seja no momento antes da estadia ou durante a mesma, explicou ao The Next Big Idea o CEO e fundador da HiJiffy. Tiago Araújo afirma que esta é uma “plataforma onde se centraliza toda a comunicação” dos hotéis através de “inteligência artificial” que identifica “palavras-chave” e dá respostas automáticas a todos aqueles que têm dúvidas sobre os alojamentos.

A ideia começou a ser pensada em 2016 quando Tiago Araújo, com formação na área de gestão, e os outros três sócios, respetivamente da área da programação e do comércio, perceberam que, com as suas “competências multidisciplinares”, conseguiam criar um negócio relacionado com a sua “paixão”: o turismo. Inicialmente, arrancaram com um projeto que desenhava planos de viagens conforme os interesses do turista. Mas rapidamente perceberam que havia concorrência feroz de plataformas como o Booking, ou, como lhes chama Tiago, “os tubarões”. Por isso, decidiram focar o projeto noutro âmbito: o do suporte aos hotéis.

O primeiro cliente foi a cadeia Martinhal, que tem vários hotéis em Portugal. Depois, seguiu-se um “projeto de aceleração em Barcelona, financiado pela Mobile World Capital, explica o fundador da HiJiffy. A troca de experiências neste fórum na área há muitos anos ajudou a limar arestas e a arranjar investidores. Tudo isto culminou numa ronda de investimento de 360 mil euros, na qual entrou um ex-diretor de crescimento do Twitter, que vendeu a sua própria empresa à gigante tecnológica. “Depois de conseguir fazer crescer a sua própria empresa, Sebastian [ex-Twitter] decidiu, como se diz em inglês, give back (dar de volta) à comunidade”, conta Tiago Araújo. E “hoje tem um lugar muito ativo dentro da empresa e ajudou-nos a perceber os números, as métricas e como é que nós conseguiríamos crescer”, explica.

Hoje, a HiJiffy presta serviço a vários hotéis em Portugal e está ambém está presente na China e em países do sudeste asiático, onde este tipo de plataformas já ganhou mais terreno do que na Europa. Com uma estrutura de “empresa 100% digital”, é possível estar em Portugal e expandir o negócio para a Ásia sem ser preciso mobilizar a equipa para Singapura, para a Tailândia, ou para as Filipinas, onde a empresa é já responsável pela assistência digital no maior casino-hotel da capital, Manila.

Em 2019, a startup contava já com 500 hotéis e no início deste ano a HiJiffy foi considerada pela Organização Mundial do Turismo como a Solução Mais Inovadora para o Turismo em 2020. Para Tiago Araújo, as vendas ajudaram aos prémios, mas os prémios também ajudaram às vendas.

A pandemia primeiro teve um efeito de bloqueio, num ano que se adivinhava promissor, mas acabou por acelerar o crescimento da Hijiffy. O fundador da empresa não sabe responder se, sem a pandemia, a HiJiffy teria crescido mais ou menos e fala num sentimento de “pânico” no início do estado de emergência. Mas com o teletrabalho e o abandono do escritório físico foi possível manter a toda a equipa, com os sócios da startup a optar por abdicar de 30% do seu salário.

O foco passou a ser a época alta de 2020 e o chamado ir para fora cá dentro, por outras palavras: as férias dos portugueses em Portugal. E o resultado foi um crescimento de 50%. Numa altura que os hotéis sentiram a necessidade de provar que eram espaços seguros embora com menos staff, a tecnologia deu uma grande ajuda, respondendo às várias solicitações colocadas pelos hóspedes. Tiago Araújo frisa que a empresa não quer “tirar emprego nos hotéis”, mas sim promover “revoluções indústrias e tecnológicas”, criando novos postos de trabalho com outro tipo de funções.

A HiJiffy olha para 2021 “de forma muito arriscada”, garante o fundador, e quer fazer recrutamentos e expandir-se para mercados estratégicos como Espanha, França ou o Reino Unido. O objetivo é trabalhar para que, gradualmente, esteja tudo pronto para “atacar ainda com mais força e continuar a crescer” quando a pandemia deixar de ser uma questão.