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Aprender em tempos de pandemia: soluções para o ensino online

por | 2 de Fevereiro, 2021

Aprender em tempos de pandemia: soluções para o ensino online

Portugal tem mais de 2 milhões de alunos que, na semana passada, ficaram com as suas agendas de pernas para o ar, do pré-escolar ao ensino superior. Entre a falta de preparação que houve para os efeitos de uma terceira vaga da pandemia e a diferença de recursos que existe entre instituições privadas e estabelecimentos de ensino públicos, existem alguns projetos e startups a desenvolverem soluções tecnológicas que podem ser um complemento (e em muitos casos um substituto) para as opções que alunos e, por conseguinte, as suas famílias tem à disposição para garantir uma educação de boa qualidade.

Antes das soluções, alguns problemas gerais

Se os problemas educativos portugueses coubessem numa rubrica de uma newsletter seria um ótimo sinal. Contudo não é esse o caso e na impossibilidade falar de todos, os que se seguem permitem pintar o estado de uma área fundamental do país e da necessidade de inovação e de projetos que possam a apoiar alunos, professores e famílias. Vamos primeiro olhar mais de perto para alguns dados que retratam o ensino em Portugal:

  • Um problema crónico: Portugal tem o nível de escolaridade mais baixo da União Europeia com 54.6% da população a não ter o ensino secundário.
  • É preciso mais: a telescola não faz milagres e a despesa do Estado em educação per capita ainda continua abaixo do valor mais alto registado em 2010 (809 euros vs 731 euros em 2019).
  • Acesso à Internet e computadores: de acordo com dados da PORDATA, em 2017, quase 30% dos agregados familiares não dispunha de um computador em casa o que dificulta o processo de aprendizagem para as crianças, apesar de em 2020 já se registar acesso à Internet em 85% dos agregados familiares. De acordo com a PORDATA, entre o 1º e o 12º ano, havia perto de 250 mil computadores nas escolas para 1.3 milhões de alunos (no ensino público existe, sensivelmente, 1 computador por cada 5 alunos).

Projetos que propõem uma nova abordagem ao ensino

  • Dreamshaper: a plataforma online foi desenvolvida por Miguel Queimado juntamente com professores de Harvard e Stanford e tem como objetivo permitir que os professores tenham uma ferramenta digital na qual os seus alunos podem desenvolver projetos associados às temáticas que estão a abordar em aula remotamente como se tivessem numa sala de aula ou num laboratório a fazer experiências. A Dreamshaper pode ser utilizada através do seu site ou da sua app, está disponível em quatro línguas (português, espanhol, inglês e húngaro), e já é utilizada por mail de 310 mil pessoas presentes em seis países.
  • Ubbu: uma plataforma desenvolvida pela Academia de Código com o objetivo de colocar as crianças a aprender programação desde cedo. O projeto já foi reconhecido, entre outros, pelo Financial Times como um digital champion, e consiste no desenvolvimento de programas curriculares de programação para alunos pequenos Bill Gates dos 6 aos 12 anos, que poderão aprender a programar um jogo ou até os seus primeiros blocos de código de um site.
  • Yuanfudao: a startup chinesa já vale mais de 15 mil milhões de dólares e oferece diversos produtos educativos a milhões de crianças nomeadamente aulas lecionadas por professores em direto, uma plataforma agregadora de perguntas e respostas e ainda uma plataforma de exercícios aritméticos. Em 2020, a Yuanfudao registou receitas de 1.53 mil milhões de dólares e revelou que já conta com mais de 4 milhões de estudantes e 30 mil professores em todo o território chinês.
  • Byju’s: é uma das plataformas tecnológicas de educação mais valiosas do mundo, estando avaliada em 11 mil milhões de dólares. Sediada na Índia, durante o primeiro confinamento a startup angariou mais 20 milhões de subscritores para a sua plataforma, que prepara estudantes de todas as idades, com cursos de todas as disciplinas lecionados diretamente por professores. A Byju’s conta com mais de 4.2 milhões de utilizadores pagantes ativos.
  • Udemy: a plataforma americana, criada em 2010, tem a maior biblioteca de cursos online – cerca de 130 mil cursos em vídeo. Desenhada para um nível de educação mais superior, no início de 2020, a plataforma já contava com mais de 35 milhões de estudantes e mais de 57 mil professores a lecionar em mais de 65 idiomas.

A indústria da educação online em 2021: além dos exemplos dados ainda existem outras startups promissoras a tirarem proveitos de tecnologias como realidade aumentada e inteligência artificial. Estima-se que no final de 2021, o setor de edtech possa ultrapassar os 100 mil milhões de dólares de valorização.