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A IA da Google vai ajudar a Apple a dar uma nova vida à Siri

por Marta Amaral | 6 de Novembro, 2025

A Apple está prestes a fechar um acordo com a Google que poderá levar a fabricante do iPhone a pagar cerca de mil milhões de dólares por ano à gigante tecnológica.

Este acordo tem como objetivo criar uma versão personalizada do modelo de inteligência artificial Gemini, que servirá de base à renovação do assistente virtual Siri, segundo um novo relatório da Bloomberg.

A decisão representa um passo significativo para a Apple, que tradicionalmente tem apostado nas suas próprias tecnologias. Desta vez, porém, a empresa planeia usar o modelo da Google como solução temporária, até que a sua IA proprietária atinja um nível de maturidade suficiente para suportar as novas funcionalidades previstas para o Siri.

O modelo personalizado da Google supera largamente o desempenho dos modelos atuais da Apple. Para comparação, a versão em nuvem do sistema Apple Intelligence opera com 150 mil milhões de parâmetros, tornando o modelo da Google oito vezes mais complexo.

A Apple terá ainda considerado, no início do ano, o uso de modelos de IA da OpenAI e da Anthropic, antes de decidir avançar com a Google, após uma fase de testes com as três opções.

De acordo com a Bloomberg, a nova Siri deverá ser lançado na primavera do próximo ano. No entanto, como o lançamento ainda está a alguns meses de distância, os planos poderão sofrer alterações até à data final.

Uma resposta que tarda em chegar…

O possível acordo surge num contexto de pressão crescente sobre a Apple para modernizar a Siri, um assistente virtual que, apesar de ter sido pioneiro em 2011, ficou atrás da concorrência em inteligência e utilidade. Os utilizadores têm criticado a lentidão nas respostas, as limitações na compreensão contextual e a incapacidade de realizar tarefas complexas, sobretudo quando comparada com alternativas como o ChatGPT, o Gemini ou o Copilot.

Em junho, um ano depois de ter prometido uma visão ambiciosa de IA personalizada (que ainda não concretizou), a Apple apresentou apenas melhorias pontuais ao seu sistema Apple Intelligence, deixando muito a desejar. A empresa quis evitar promessas excessivas, remetendo para o outono a apresentação de novas funcionalidades, depois do “fiasco do ano passado”, quando várias inovações falharam os prazos. No entanto, essa prudência reforça a perceção de estagnação: a ideia de que a Apple fez poucos progressos desde então.

A esperança recaía sobre a apresentação do novo iPhone 17, que chegou em várias versões, entre elas, o “Air”, que evoca produtos leves e elegantes como o MacBook Air ou o iPad Air. Contudo, na era da inteligência artificial, o que importa já não é o tamanho do dispositivo, mas sim o que o software consegue fazer e, mais uma vez, a Apple ficou aquém das expetativas.

Ao recorrer ao modelo da Google, a Apple procura dar um salto qualitativo e reposicionar a Siri como um assistente verdadeiramente inteligente, capaz de compreender e antecipar as necessidades do utilizador. À primeira vista, essa dependência pode parecer um sinal de fraqueza. Mas, na prática, pode tornar-se uma vantagem: milhões de utilizadores de iPhone já preferem as aplicações da Google (como o Gmail, o Maps, o Drive ou o Chrome) às alternativas da Apple. Integrar a IA da Google de forma nativa poderia melhorar a experiência de utilização e reduzir os custos de desenvolvimento para a Apple.

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