Como é que as empresas se preparam para fechar o ano?
por Marta Amaral | 24 de Setembro, 2025
O último trimestre do ano é, para muitas empresas, o momento de maior intensidade. É quando se fecham contas, se reforçam equipas e se definem prioridades para o ciclo seguinte.
O quarto trimestre do ano é decisivo para muitas empresas, sobretudo no retalho e no comércio eletrónico. Pode representar entre 30% e 40% das vendas anuais, impulsionado pelo consumo da época festiva (Black Friday, Cyber Monday e Natal).
Além do peso nas receitas, o “Q4” tende a ter margens mais elevadas, dado o aumento de volume e promoções de fim de ano, tornando-se um dos principais motores do lucro anual. Para investidores, é também um trimestre crítico: os resultados divulgados frequentemente ditam se as empresas superam ou falham as estimativas dos analistas, o que influencia o sentimento do mercado e a evolução das bolsas no início do ano seguinte.
Há negócios que mantêm um ritmo constante, sem grandes picos. Outros guardam parte do orçamento para investir no fim do ano, apostando na aceleração final. E há ainda quem veja estes meses como oportunidade para ganhar eficiência interna e preparar terreno para 2026. Mas afinal o que é que ainda pode ser feito?
Estratégias diferentes, mas com um ponto em comum: todos sabem que estes três meses podem marcar a diferença no balanço anual.
Do e-commerce à tecnologia, dos seguros aos escritórios flexíveis, neste artigo olhamos para setores diferentes para perceber como é que cada empresa lida com a pressão do último trimestre do ano.
BiGhub (e-comerce)
Ao contrário da maioria das empresas, a BIGhub garante não estar a sentir a pressão do último trimestre do ano, uma vez que o universo do e-commerce mantém sempre o mesmo volume e ritmo de trabalho, sem exigir, assim, “uma verdadeira rentrée” para preparar os desafios que se avizinham.
“Os nossos objetivos de 2025 já foram superados, pelo que agora estamos focados em reforçar a operação nos mercados em que a BIGhub já está instalada e expandir a atividade para o Reino Unido”, antecipa Rúben Lamy, CEO da BIGhub.
Além disso, a empresa especialista em acelerar vendas, pretende desenvolver e consolidar a BIGocasión, a mais recente loja em Huelva (Espanha), e utilizar o budget que falta (1 milhão de euros), para contratar mais 10 profissionais para a área da tecnologia, de forma a garantir a inovação e sustentar o crescimento.
SITIO (espaço de cowork)
O último trimestre do ano é sempre determinante para a atividade do SITIO, rede de flex-offices focada na inovação com espaços em Lisboa, Porto, Aveiro, Gaia e Guimarães.
“Encaramos esta fase com grande otimismo, num momento em que muitas pessoas regressam aos escritórios e a procura por soluções flexíveis volta a intensificar-se. Ao longo do ano, o foco tem sido a consolidação das localizações já em funcionamento”, avalia Miguel Ricardo, General Manager do SITIO.
O responsável aponta para uma estratégia que “tem dado frutos”: a taxa média de ocupação atinge atualmente os 85% e existem várias leads qualificadas para os espaços ainda disponíveis.
Sobre o período de verão, tradicionalmente mais calmo, a empresa explica que foi aproveitado para otimizar procedimentos internos e rever processos que, no ritmo do dia a dia, ficam muitas vezes em segundo plano.
Os resultados dessas melhorias já começam a ser visíveis. Para reforçar a operação, o SITIO está neste momento a aumentar a equipa, com contratações previstas para as áreas de gestão de comunidade e gestão de instalações.
“Até ao final do ano, teremos novidades que vão consolidar o crescimento e reforçar a eficiência da rede, continuando a posicionar o SITIO como referência no setor dos flex-offices em Portugal”, conclui Miguel Ricardo.
Opensoft (tecnologia)
A Opensoft segue uma estratégia de avaliação que tem permitido assegurar que os objetivos são perseguidos de forma contínua, para promover eficiência, qualidade e sustentabilidade nos resultados.
“O progresso é acompanhado mensalmente, através de indicadores que permitem
monitorizar a execução das iniciativas e manter a equipa focada e alinhada com a
estratégia definida. Para o último trimestre, mantemos as prioridades traçadas no
início do ano: investir na formação e certificação das nossas pessoas, reforçar a
eficiência dos processos internos e aumentar a notoriedade da marca“, explica Rui Cruz, Diretor-Geral da Opensoft.
Internamente, a rentrée é assumida como um “momento-chave de alinhamento e
transparência“, onde se partilham resultados e se reforçam objetivos.
Em paralelo, a Opensoft prevê reforçar a sua equipa em mais 10%, sobretudo nas áreas de engenharia de software, business analysis e gestão de projetos — um investimento que tem como objetivo reforçar a capacidade de entregar soluções inovadoras e de qualidade aos clientes.
Protectus (companhia de seguros)
Na Protectus, o último trimestre do ano é sempre determinante: concentra renovações de apólices, preparação do exercício seguinte e a pressão natural de fechar o ano em linha com o planeado.
Mas para a empresa, esta pressão tem um lado positivo porque gera foco, disciplina e proximidade com os clientes.
“Até setembro, já ultrapassámos mais de metade da meta anual de produção, estruturámos processos internos para dar maior eficiência às equipas e estabelecemos parcerias estratégicas com seguradoras relevantes. Esta base sólida permite-nos agora acelerar a expansão, com objetivos claros: captar novos clientes particulares e empresariais, reforçar a notoriedade da marca e apostar em canais digitais para gerar leads“.
Para alcançar estas metas, a Protectus está a investir em marketing digital e no crescimento das equipas, com especial enfoque nas áreas comercial e de gestão de clientes, nomeadamente no Porto, Lisboa e Funchal.
O objetivo principal é entrar em 2026 com um “modelo mais robusto e escalável”, preparado para acompanhar o crescimento da carteira e garantir um serviço de excelência.