Portugal tem novo unicórnio: fabricante de drones Tekever atinge valorização de mil milhões
por Gabriel Lagoa | 6 de Maio, 2025
A Tekever junta-se ao clube dos unicórnios com drones que já foram usados na Ucrânia. O setor da defesa, segurança e resiliência atraiu mais de 5 mil milhões de dólares em investimento em 2024.
A Tekever, uma empresa portuguesa que desenvolve sistemas autónomos com inteligência artificial para a área da defesa, é oficialmente o mais recente unicórnio europeu. A confirmação chegou esta terça-feira em comunicado, com o anúncio de uma nova ronda de financiamento que avalia a empresa acima de mil milhões de libras (cerca de 1,18 mil milhões de euros), elevando-a ao patamar dos unicórnios – startups avaliadas em mais de mil milhões.
O valor da ronda não foi divulgado, mas sabe-se que foi subscrita integralmente pelos investidores já existentes – incluindo a Ventura Capital (que liderou a ronda), Baillie Gifford, o Fundo de Inovação da NATO (NIF), Iberis Capital e Crescent Cove.
Em simultâneo com o anúncio do financiamento, a empresa revelou o lançamento de um programa de desenvolvimento para o Reino Unido. Batizado como OVERMATCH, o plano prevê um investimento de 400 milhões de libras (aproximadamente 470 milhões de euros) ao longo de cinco anos, com o objetivo de transformar a indústria de defesa britânica.
Nos planos da empresa está a criação de mais de mil empregos altamente qualificados e expandir a produção da sua família de UAS (sistemas aéreos não tripulados, conhecidos como drones), incluindo os modelos AR3 e AR5. O programa OVERMATCH estrutura-se em quatro pilares: BUILD, NETWORK, SCALE e PARTNER.
Com o primeiro pilar, a empresa vai estabelecer Centros de Excelência para Autonomia no Reino Unido. Estes centros vão reunir academia, indústria e governo na busca por inovação na defesa. O segundo pilar, NETWORK, envolve a expansão de uma infraestrutura pan-europeia de testes e avaliação. Já o pilar SCALE promete entregar centros de produção de próxima geração, capazes de responder com rapidez e flexibilidade às exigências operacionais. Por fim, o pilar PARTNER reflete o compromisso da Tekever em fomentar um ecossistema inclusivo.
Drones já voaram na Ucrânia
De acordo com Ricardo Mendes, CEO da Tekever, “o futuro da Europa depende de mais do que apenas o aumento das despesas com defesa; precisamos de transformar a nossa base industrial e ser mais inteligentes nos investimentos. A experiência da Tekever na implementação de sistemas autónomos na Ucrânia mostrou-nos que o futuro da defesa tem mais que ver com agilidade do que qualquer outra coisa”.
Os sistemas da Tekever acumularam mais de 10.000 horas de voo em combate, em parceria com o Ministério da Defesa do Reino Unido e as forças ucranianas, contribuindo para a destruição de bens militares russos avaliados em mais de 3 mil milhões de libras – incluindo dois sistemas avançados de defesa aérea S-400 da Rússia.
John Ridge, Diretor de Adoção do Fundo de Inovação da NATO, não poupou elogios à empresa portuguesa. “As suas soluções de vigilância não tripuladas têm sido fundamentais para ajudar a Ucrânia a combater a agressão russa, inovando continuamente ao ritmo do conflito”, afirmou.
Chris Evdaimon, Gestor de Investimentos de Empresas Privadas na Baillie Gifford, também comentou que “o panorama global de defesa e segurança está a mudar rapidamente e a TEKEVER está bem posicionada para capturar as oportunidades emergentes neste setor”.
Um mercado em crescimento
O mercado de tecnologia de defesa tem atraído cada vez mais a atenção dos investidores. Segundo dados da Dealroom e do Fundo de Inovação da NATO, citados pela Sifted, houve um recorde de financiamento no setor de defesa, segurança e resiliência no último ano, atingindo 5,2 mil milhões de dólares em 2024.
Além da Tekever, outras startups europeias do setor também têm recebido financiamentos significativos. Também esta terça-feira, a startup alemã Quantum Systems anunciou uma ronda de financiamento de série C no valor de 160 milhões de euros, liderada pela britânica Balderton Capital. A empresa, com 10 anos de existência, constrói drones de uso duplo – para fins militares e comerciais.
Esta startup tem vários contratos governamentais com países como os EUA, Colômbia, Ucrânia, Austrália, Alemanha e Espanha. No ano passado, registou 115 milhões de euros em receitas.
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