Como olham os investidores portugueses para o primeiro semestre de 2025?
por Marta Amaral | 10 de Março, 2025

Cerca de três quartos dos investidores nacionais em early stage afirma estar otimista quanto ao número de investimentos a realizar no primeiro semestre de 2025 e quanto ao volume a investir.
As conclusões são do “Barómetro do Investimento Early Stage” relativo ao segundo semestre de 2024, realizado pela Investors Portugal – Associação Portuguesa dos Investidores em Early Stage. O objetivo foi compreender melhor o ecossistema e as suas necessidades, bem como traçar tendências e definir estratégias. No estudo estão representados 30% dos investidores portugueses.
O barómetro indica que 68% dos inquiridos estão otimistas quanto à atividade em investimento early stage (startups em fase inicial), que já é onde costuma haver maior número de investimentos.
A generalidade dos investidores (71%) afirma ter tido acesso a mais oportunidades de investimento nos últimos seis meses do ano passado, apesar da maioria revelar que os investimentos realizados (65%) e o volume investido (61%) sofreram uma redução, quando comparado com o primeiro semestre de 2024.
“É de destacar o otimismo dos investidores ao nível de oportunidades e volume a investir nos primeiros seis meses deste ano, embora se continue a verificar um clima menos favorável em relação às perspetivas de exit. Este sentimento espelha um problema estrutural no ecossistema nacional: a limitada liquidez para transações de venda ou de mercado secundário”, afirma a presidente da Investors Portugal, Lurdes Gramaxo.
À data do estudo (ainda antes da possibilidade de virem a ser marcadas novas eleições em Maio) mais de metade (58%) estava pessimista quanto à possibilidade de exit (ou seja, de venda das participações que têm nas startups onde investiram e tiram retorno).
As políticas públicas do atual Governo para o setor não satisfazem mais de metade dos inquiridos (55%, menos 3 pp face ao semestre anterior). E por isso, os investidores sugerem novas medidas para valorizar e dinamizar o ecossistema:
- A estabilidade e previsibilidade nas políticas públicas e regulamentação para o setor;
- O estabelecimento de incentivos fiscais para investidores em linha com as melhores práticas europeias;
- O lançamento de iniciativas que promovam as transações em mercado secundário.
“As medidas sugeridas pelos investidores neste barómetro confirmam as prioridades que a Investors Portugal tem defendido nos diversos fóruns e junto das entidades governamentais e demais stakeholders do setor”, sublinha ainda Lurdes Gramaxo.
No entanto, num período marcado pela incerteza, com uma nova crise política instalada, as medidas ficam mais longe e a falta de previsibilidade coloca um ponto de interrogação sobre estes números que podem também eles ser otimistas.
Apesar do futuro incerto, as notícias dos últimos meses são animadoras. O Relatório Accelerating European Innovation realizado pela a Dealflow.eu e pela Dealroom, revela que em Portugal foram investido 430 milhões de euros em startups em 2024.
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