BIGHUB quer “acelerar” a venda de produtos online
por Marta Amaral | 20 de Fevereiro, 2025
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A empresa apresenta-se como a primeira aceleradora de vendas online na Europa, com o principal objetivo de ajudar outras empresas a destacarem os seus produtos nos maiores marketplaces europeus.
“Para impulsionar vendas online, é preciso mais do que colocar produtos na internet”, conta-nos Rúben Lamy, o CEO e fundador da BIGHUB.
A sua jornada começou em 2020, em Espanha, com a marca Big Sales – uma empresa que ajudava negócios a criar lojas online – e com a qual viu de perto muitos dos desafios que qualquer marca enfrenta no setor do ecommerce.
Os grandes marketplaces têm dificuldade em estar próximos dos vendedores, principalmente dos mais pequenos. O processo de integração é demorado. O vendedor regista-se, e depois espera meses até conseguir vender o produto. Muitas vezes, são necessários programadores especializados porque o processo não é manual.
A BIGHUB nasceu como uma plataforma que integra diferentes marketplaces num único sistema tecnológico. O objetivo principal? Ajudar empresas a destacar os seus produtos nos maiores mercados europeus online.
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Como funciona a plataforma?
“Para entrarmos na FNAC em França tivémos um ano à espera que aceitassem o registo. Só aceitaram quando montámos uma equipa lá, e só chegámos à FNAC, através de uma pessoa que conhecíamos em França e que conseguiu contactá-los diretamente”, explica Rúben Lamy.
A BIGHUB quer resolver este problema. Neste sentido, no primeiro mês, a integração é feita sem compromisso. A marca agenda uma reunião, e o programador da BIGHUB coloca os produtos online em vários marketplaces ao mesmo tempo.
O processo segue dois caminhos: Se o produto já existir no marketplace, entra automaticamente por API; se não existir, vai para a “equipa de catálogo”, que o insere como novo.
“Os marketplaces deviam ajudar mais quando um produto não existe. Hoje, demora cerca de 4 semanas para integrar um novo artigo”, aponta Rúben Lamy CEO da BIGHUB.
A BIGHUB assegura os custos quando o processo é longo, a mensalidade só é cobrada depois da primeira venda.
2 milhões de euros para impulsionar o crescimento
Com a entrada do fundo BlueCrow Capital, o um dos focos da BIGHUB é contratar mais pessoas, tanto para IT como para gestão, sendo 80% da equipa trabalha remotamente, espalhada por diferentes países. Outro é manter o crescimento acelerado do negócio.
“Em apenas quatro anos, a faturação passou de 150 mil euros para 5 milhões de euros. Agora, o objetivo é chegar aos 10 milhões de euros”, sublinha o fundador.
A BIGHUB divide-se em dois modelos de negócio, a integração de produtos nos marketplaces e o financiamento dos produtos dentro dos marketplaces.
Com o novo investimento, foi também criada a “Big Cash”, um software que no qual a empresa dá o valor as vendas aos vendedores no próprio dia, em vez dos 45 dias que normalmente, uma empresa tem de esperar para receber, e recebe depois o montante devido pelos marketplaces.
“Vender online está cada vez mais difícil e caro. É preciso capital para aguentar até os marketplaces pagarem. Nós oferecemos essa solução. Somos o único impulsionador que faz isso na Europa”, garante o CEO.
A BIGHUB procura assim oferecer um serviço único no mercado: a integração de produtos + o pagamento diário das vendas.
“Assim, conseguimos mais clientes. Cobramos uma comissão extra pelo adiantamento do dinheiro e, com isso, os sellers têm liquidez diária para comprar e vender mais rápido”, explica Rúben.
Os obstáculos
A BIGHUB está presente em mais de 40 marketplaces na Europa, com 3 milhões de produtos e 500 sellers ativos.
O maior desafio? A tecnologia.
Isto porque cada marketplace tem o seu próprio sistema, o que obriga a BIGHUB a adaptar o seu software e atualizar milhões de produtos em tempo real. “Temos que integrar o nosso software com diferentes tecnologias e minimizar erros. Isto torna o processo mais lento e complexo”, aponta o CEO da BIGHUB.
A inteligência artificial ajuda?
Para já, a IA está presente em algumas partes do processo. É usada principalmente para criar descrições de produtos em várias línguas, principalmente em alemão.
Neste momento estão também a desenvolver soluções avançadas em parceria com duas universidades. Com a Universidade de Évora têm como objetivo ajudar a melhorar a qualidade das traduções, já que as ferramentas atuais não são precisas para termos técnicos.
Já com a Universidade de Faro estão a desenvolver uma IA que vai atuar como suporte automatizado. No futuro, em vez de uma pessoa gerir a comunicação com os marketplaces, será uma IA a fazer isso, garantindo um atendimento de 24h/dia.
Estas inovações deverão melhorar a eficiência da operação e a experiência dos vendedores.
A estratégia da BIGHUB
A Alemanha e a França são os mercados com maior adesão. A Alemanha lidera as vendas dentro dos marketplaces e a tecnologia é a gama de produtos mais vendida.
Apesar do crescimento dos marketplaces em redes sociais como o TikTok e o Instagram, a BIGHUB optou por canalizar os esforços nos marketplaces convencionais.
A Amazon, por exemplo, vai ser o último a ser integrado. Isto para evitar que a equipa se concentre apenas no maior marketplace do mundo, descurando o trabalho nos restantes mercados.
A prioridade para o próximo ano é alcançar a barreira dos 100 marketplaces na Europa.
“[Criar um marketplace próprio] Nem pensar. Mudaria o modelo de negócio”, sublinha Rúben Lamy.
Além disso, a BIGHUB escolhe também não investir em marketing próprio. A empresa considera que os próprios marketplaces já fazem esse trabalho, quando colocam anúncios no Google e no Facebook.
Estes são pontos que permitem à plataforma tecnológica evitar custos elevados e focar-se apenas na venda dos produtos.
Em Portugal, já está presente na Worten e na Fnac. Em Espanha, no Carrefour.
A próxima aposta
O maior foco é trazer para o digital vendedores de produtos pouco comercializados online, como lojas físicas e marcas sem presença digital.
O objetivo é criar catálogos digitais para estes negócios, ajudando-os a vender na internet.
Neste momento, as maiores apostas da BIGHUB são a agricultura e a bricolage – setores com crescente procura no e-commerce.
A gestão da equipa global também tem sido um desafio. Com 80% dos colaboradores a trabalhar remotamente, a empresa está a trabalhar em soluções eficientes, bem como encontrar gestores para dar folga ao atual CEO que gere tudo sozinho.
“O nosso objetivo é chegar aos 150 mil euros/dia de faturação em serviços. Dentro de cinco anos, queremos estar presentes em todos os marketplaces da Europa e processar entre 3 a 4 mil encomendas diárias.”, partilha.
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