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Mariana Figueiredo Salvaterra: “As posições mais dispensáveis serão as que se limitam a executar sem pensar”

por The Next Big Idea | 25 de Dezembro, 2024

Desafiámos 10 líderes portugueses a partilhar as suas principais apostas para o próximo ano. “Vinte, Vinte e Cinco” é a nossa nova série de entrevistas com as suas ideias. Mariana Figueiredo Salvaterra, CEO da Zühlke Portugal, antevê 2025 como o ano em que deixamos de tirar notas em reuniões devido a IA e que ser “data-driven” vai ser mais importante do que nunca.

Uma coisa que vamos deixar de fazer na rotina devido à IA em 2025?

Acredito que com a Inteligência Artificial (IA) tornar-se-á menos necessário “digerir informação”. Ao fornecer uma série de artigos à IA é possível obter um resumo dos seus highlights, o que elimina a necessidade de processar grandes quantidades de informação. Da mesma maneira, a necessidade de “tomar notas em reuniões” deixará de existir, já que é muito fácil ativar um agente de IA durante a reunião – sobretudo se esta acontecer online – e pedir um resumo dos tópicos discutidos e ações acordadas no final.

Que marca precisava de um rebranding em 2025?

O SNS. Acredito que este é um dos melhores serviços de prestação de saúde públicos, mas a reputação não lhe faz jus.

Se tivesses 1 milhão de euros para investir numa empresa no próximo ano, qual seria e porquê?

Tendo um apreço especial por juntar investimento e filantropia, não escolheria maximizar dividendos – sabendo que a NVIDIA vai continuar a dar cartas nos próximos anos. Investia antes numa das empresas que pretende revolucionar a educação, como a Intuitivo, vencedora da Web Summit de 2024, que pretende ajudar estabelecimentos de ensino na sua transformação digital, apoiando aqueles que têm mais impacto na vida e carreira dos alunos: os professores.

Que tipo de posição vai ser mais procurada nas empresas em 2025? E a mais dispensável?

A posição mais procurada vai continuar a estar ligada à tecnologia, tais como engenheiros de software e engenheiros de dados, sendo que o fator diferenciador vai ser a capacidade de adoção das ferramentas de IA já disponíveis para acelerar os processos de desenvolvimento, melhorar a qualidade das soluções (incluindo os testes e a documentação) e aumentar a produtividade pessoal – a tendência vai ser cada vez mais “work smarter, not harder”. Por esse motivo, as posições mais dispensáveis serão as que se limitam a executar sem pensar, sendo as mais facilmente substituíveis pela automação.

Se tivesses de mudar de emprego e indústria em 2025, para qual ias?

Não mudava. Estou numa empresa que usa a tecnologia para transformar o mundo e torná-lo mais sustentável para o ambiente e a sociedade. Estou numa empresa que está a moldar o futuro, é aqui que eu quero estar.

O ano de 2025 vai ter 8765 horas. Diz-se que para aprender uma skill são necessárias 10.000 horas. Se pudesses escolher uma skill para ter instantaneamente em 2025 qual seria?

Escolheria ser uma expert em análise de dados. O mundo vai ser cada vez mais data driven (uma vez que são dados que movem as ferramentas de IA também), e cada vez temos mais informação disponível. Por isso gostava de ser mais rápida e eficiente na análise de toda a informação que me chega, mesmo usando as ferramentas de IA que já tenho ao meu dispor.

Já estreou o segundo episódio da minissérie que produzimos durante a Web Summit. Vê aqui A Nova Vaga de Inovação na Europa”.