HealthEConnect: A nova ponte entre os ecossistemas de saúde de Portugal e Dinamarca
por Gabriel Lagoa | 20 de Agosto, 2024
O projeto HealthEConnect, que une os ecossistemas de Portugal e Dinamarca, está a impulsionar a inovação em saúde através da formação em empreendedorismo aliada ao conhecimento médico.
Há um projeto em Portugal que está a ligar os ecossistemas de inovação em saúde de Portugal e da Dinamarca, ao mesmo tempo que alia o conhecimento científico e médico com inovação e empreendedorismo. A iniciativa chama-se HealthEConnect, foi lançada pelo projeto Patient Innovation em colaboração com a Nova SBE, a Nova Medical School, a Copenhagen Business School, a Startup Europe Regions Network e o BioInnovation Institute, na Dinamarca, e pretende aproveitar as boas práticas do ecossistema dinamarquês para impulsionar o desenvolvimento do ecossistema português, com a formação de novos profissionais.
Ao The Next Big Idea, Maria João Jacinto, investigadora responsável pelo projeto, detalha que o objetivo desta iniciativa financiada pela Comissão Europeia é “implementar um programa piloto baseado em boas práticas que levantámos, bem como nos contributos de diferentes partes envolvidas no ecossistema, tanto nacional como europeu”. A iniciativa pretende ser uma base de inovação aberta e visa a implementação de um programa de inovação em saúde em Portugal.
O programa está estruturado em três níveis, integrados no mestrado de Inovação e Empreendedorismo para o Impacto da Nova SBE:
- O primeiro foca-se em inovação e empreendedorismo para o impacto, que fornece aos alunos ferramentas gerais de “business e implementação de valor na sociedade”, indica a investigadora. “[Os estudantes] são treinados para perceber o porquê das coisas e como é que podemos realmente fazer impacto”, acrescenta.
- No segundo nível, os estudantes são introduzidos ao ecossistema de inovação em saúde e às particularidades da sua linguagem, com cadeiras desenhadas propositadamente para alunos não médicos. Nesta etapa, Maria João Jacinto explica que são também apresentados “os papéis que os alunos que venham de um background de business ou dos mais diferentes backgrounds podem ter neste quadro de inovação em saúde”.
- Por fim, o terceiro oferece uma experiência em contexto real em startups incubadas no ecossistema dinamarquês ou em instituições dos ecossistemas português e europeu.
A diversidade de perfis e saberes
Uma das características pelas quais o programa se destaca é a diversidade de perfis dos participantes. “O mestrado é bastante aberto na receção de perfis. “Temos alunos que tiraram Gestão, mas também Sociologia ou Saúde Pública. Esta diversidade enriquece bastante o mestrado, pois são diferentes fontes de saber focadas em criar impacto na sociedade”, conta Maria João Jacinto.
Dos cerca de 130 alunos que frequentam o mestrado de de Inovação e Empreendedorismo para o Impacto, houve 19 que escolheram especializar-se através do projeto HealthEConnect. Num balanço da primeira edição da iniciativa, a investigadora responsável adianta que 13 alunos já estão a trabalhar com startups.
O feedback tem sido positivo, e Maria João Jacinto destaca ainda que os estudantes estão a “demonstrar grande proatividade e disposição para aprender e fazer a diferença nas atividades diárias das empresas”.
Um programa que abre portas
Isabella Hayes, uma das alunas envolvidas no projeto e atualmente a viver nos Estados Unidos, tem formação em Saúde Pública e decidiu participar para explorar uma perspetiva de negócio na área da saúde.
Ao The Next Big Idea, Isabella referiu que o número reduzido de alunos nesta especialização é uma vantagem, pois permite aos professores dedicarem mais tempo a cada estudante. Para já, a sua ligação ao projeto HealthEConnect vai levá-la a Copenhaga, onde vai desenvolver a sua tese de mestrado com uma empresa de HealthTech.
Neste âmbito, a investigadora Maria João Jacinto afirma que o trabalho realizado durante o programa não é o de um estágio tradicional, mas sim o de um work project, onde há a possibilidade de os alunos serem contratados pelas empresas após a sua conclusão. Ou seja, além das oportunidades de aprendizagem, o programa também pode abrir portas para o futuro.
Corresponder à chamada com ambição
A ideia do HealthEConnect surgiu como resposta a uma chamada europeia para interligar sistemas de inovação em diferentes etapas de desenvolvimento. A responsável considera que “Portugal tem muito a aprender com países como a Dinamarca, que é semelhante ao nosso termos de tamanho, mas é uma referência mundial em ambição e indústria, especialmente no setor de MedTech”.
O HealthEConnect está atualmente em fase de avaliação, com o projeto programado para terminar no próximo verão. No entanto, os resultados iniciais são promissores, e há interesse por parte da Nova SBE e da Nova Medical School em dar continuidade ao programa, seja como uma especialização do mestrado existente ou até mesmo como um mestrado próprio.
“Os indícios têm sido bastante positivos e, por isso, estamos muito motivados tanto para terminar em grande este primeiro grupo, como para começar em grande o segundo, e manter e melhorar o programa para futuras edições”, conclui Maria João Jacinto.
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