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Noplace: a nova rede social para a Gen Z que lembra o Myspace

por Gabriel Lagoa | 16 de Julho, 2024

A noplace promete trazer de volta o espírito do MySpace com um toque moderno. Além disso, garante uma experiência livre de algoritmos e anúncios.

A nostalgia de algo que nunca se viveu. Esta parece ser a frase que serviu, em parte, de mote para a criação da noplace, uma rede social que procura oferecer à Geração Z (1997-2012) um novo sentimento por algo antigo: o MySpace. Este último, foi lançado em 2003 e foi uma das primeiras grandes redes sociais, atingindo o pico de 115 milhões de utilizadores mensais em 2008. Mas a ascensão do Facebook e uma série de decisões empresariais que desagradaram os utilizadores levaram à queda da plataforma. 

Em 2024, parece difícil que novas redes sociais consigam chegar e abalar o mercado, ainda assim, não falta quem tente pegar numa fórmula que noutros tempos deu provas de sucesso e lhe dê uns toques mais atuais. No caso da noplace, a aplicação é vista como uma mistura entre o MySpace e o antigo Twitter, porque combina a personalização e visual do primeiro com o formato de posts rápidos e de interação do segundo. O projeto arrancou no final do ano passado mas foi no início deste mês que a plataforma disparou para o topo da App Store ao abandonar o acesso apenas por convite, por momentos chegou até a destronar a Temu e o TikTok.

No que consiste?

Com perfis coloridos e personalizáveis, a aplicação permite aos utilizadores partilhar desde o estado civil até ao que estão a ouvir, ver, ler ou fazer no momento, o que não é novidade. A possibilidade de as pessoas se expressarem através da personalização das cores do perfil é inspirada no MySpace, o que, de acordo com a CEO Tiffany Zhong, apela particularmente à Geração Z, que busca uma experiência de rede social mais autêntica e menos uniforme.
A aplicação oferece dois feeds principais: um com atualizações dos amigos e outro global. A ideia é partilhar com a rede o que se está a fazer e não o que se fez; além disso, não existem perfis privados, o que promove uma maior interação e descoberta entre os utilizadores. A noplace também incorpora elementos nostálgicos como a secção “top 10 amigos”, o que faz lembrar o famoso “top 8” do MySpace. Ao contrário de redes sociais como o Instagram, aqui o foco está nas atualizações baseadas em texto, não sendo suportadas para já fotos ou vídeos.

Ao TechCrunch, Tiffany Zhong lamenta que “as redes sociais já não parecem sociais. Tudo é apenas media. Parece muito desconectado. Em parte, isso deve-se ao facto de todo o nosso conteúdo ser agora altamente personalizado. Estamos a ver conteúdos diferentes e a seguir interesses diferentes dos nossos amigos, por isso é mais difícil encontrar comunidade como resultado”. A CEO reforça que a noplace, é lugar onde as pessoas podem seguir os seus amigos e também encontrar outras que partilhem os seus interesses. 

Quanto aos algoritmos, a noplace opta por fugir à regra e recorre à Inteligência Artificial para gerar recomendações e organizar conteúdos. Isto porque a plataforma assegura que não manipula o feed dos utilizadores, mas utiliza a IA para proporcionar, por exemplo, resumos do conteúdo que ainda não foi visto.

Para já, Android fica de fora

Atualmente, a aplicação está disponível gratuitamente para iOS e em modo de leitura na web. Com os mais jovens em mente, a Noplace quer ganhar terreno e atrair utilizadores que, ou buscam fugir a um X.com (antigo Twitter) com pouca moderação e muito ódio, ou que procuram uma alternativa à Threads, que apesar de ser parecida com a rede social de Elon Musk, não traz as reminiscências do MySpace que os jovens de hoje em dia procuram tornar suas, tal como os seus irmãos mais velhos fizeram há uns anos. 

O objetivo é crescer

Atualmente, a plataforma não requer subscrições ou compras na aplicação e também não tem publicidade, o que poderá sugerir que a noplace quer construir uma base sólida de utilizadores antes de avançar para os anúncios dentro da aplicação, por exemplo, ou qualquer outro modelo de negócio. Segundo dados da PitchBook, a startup angariou 15 milhões de dólares numa ronda de investimento e foi avaliada em 75 milhões de dólares. Entre os investidores está a 776 de Alexis Ohanian, cofundador do Reddit.

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