O preço da Bitcoin está a descer e a culpa pode ser da Alemanha
por Gabriel Lagoa | 10 de Julho, 2024
O Gabinete Federal da Polícia Criminal da Alemanha tem atualmente mais de 1,8 mil milhões de euros em bitcoins e as vendas recentes que tem feito estão a causar turbulência no valor da criptomoeda.
De acordo com a CNBC, que cita dados da Arkham Intelligence, uma empresa especializada em blockchain, as autoridades alemãs venderam um total de 6.639 bitcoins desde junho, ou seja, arrecadaram o equivalente a cerca de 350 milhões de euros. A Alemanha tem estado a vender centenas de milhões de euros em bitcoin nas últimas semanas, o que ajuda a explicar a queda acentuada no valor da criptomoeda. As transações foram realizadas através de exchanges como Coinbase, Bitstamp e Kraken.
A origem destas bitcoins remonta a janeiro deste ano, quando a polícia do estado da Saxónia anunciou a maior apreensão de criptomoedas da história da Alemanha: cerca de 50 mil bitcoins, avaliadas na altura em mais de 2 mil milhões de euros. Os fundos foram apreendidos aos operadores de um site de pirataria de filmes e transferidos depois para uma carteira de criptomoedas que pertence ao Gabinete Federal de Polícia Criminal da Alemanha.
Contudo, as consequências destas vendas de bitcoin no mercado estão a ter impacto no valor da criptomoeda e nem todos estão felizes. A CNBC conta que na passada sexta-feira o preço da bitcoin caiu abaixo dos 51 mil euros e atingiu o nível mais baixo desde fevereiro deste ano. A dado ponto, em apenas 24 horas, o mercado global das criptomoedas perdeu mais de 157 mil milhões de euros.
Atualmente, o Gabinete Federal de Polícia Criminal da Alemanha ainda detém mais de 32 mil bitcoins, avaliadas cerca de 1,8 mil milhões de euros. A forma como as autoridades alemãs vão gerir este património digital nos próximos meses terá um papel considerado importante no mercado dos criptoativos, com membros do parlamento alemão, como Joana Cotar, a defenderem que estas reservas podem ajudar a diversificar o tesouro do país e a proteger a Alemanha contra a inflação. “Temo que o Governo não tenha estratégia alguma sobre como lidar com a bitcoin. É por isso que pedi tal estratégia na minha carta ao mesmo. Precisamos de diversificar o nosso tesouro e manter a bitcoin como uma moeda de reserva estratégica”, afirma Cotar em entrevista à Forbes.
À estação norte-americana CNBC, a gestora de criptoativos CoinShares explica que embora estas vendas sejam “relativamente menores” no contexto global da bitcoin, a verdade é que têm afetado o mercado. Ainda assim, apesar desta turbulência, o valor da bitcoin registou um aumento de 89% nos últimos 12 meses.
Há mais países que detêm grandes quantidades de bitcoin e um deles é os Estados Unidos, que até estão a aproveitar a venda da criptomoeda por parte da Alemanha para comprar em baixa. Os EUA lideram o pódio de nações com mais bitcoins, seguidos pela China e pelo Reino Unido, segundo a Forbes. De acordo com a revista, há indicações de que países, como os EUA, estão a receber aconselhamento sobre como a bitcoin pode ser estrategicamente integrada na segurança nacional e na política económica.
Bitcoin em baixa? As vendas de bitcoin por parte da Alemanha não são a única preocupação para os investidores. A criptomoeda também tem estado sob pressão devido ao pagamento de 9 mil milhões de dólares em bitcoin e bitcoin cash aos credores da Mt. Gox, a exchange que faliu em 2014 depois de 750 mil bitcoins de clientes e mais 100 mil da empresa terem desaparecido. A dada altura Mt. Gox foi a principal exchange de criptomoedas do mundo e chegou a processar mais de 70% de todas as transações de bitcoin. Espera-se que estes reembolsos aumentem a pressão para vender a criptomoeda nos mercados.
Atualmente, existem cerca de 19,7 milhões de bitcoins em circulação, avaliadas em 1,1 biliões de dólares (ou trillion), de acordo com dados da CoinGecko, uma plataforma de dados sobre criptomoedas.
Subscreva a nossa newsletter NEXT, onde todas as segundas-feiras pode ler as melhores histórias do mundo da inovação e das empresas em Portugal e lá fora.