Voltar | Big Tech

A Amazon nasceu há 30 anos e o mundo do ecommerce e da tecnologia não voltou a ser o mesmo

por Miguel Magalhães (Texto) | 5 de Julho, 2024

A empresa criada por Jeff Bezos é hoje uma das empresas mais influentes do mundo e tem um pé em praticamente todas as indústrias, do ecommerce a Hollywood, da saúde ao Espaço. Recentemente, ultrapassou a valorização de 2 biliões (ou trillion) de dólares.

Em 1994, nascia no estado de Washington, nos EUA, uma ideia que iria revolucionar para sempre o mundo da Internet: e se os livros que gostamos de ler pudessem ser comprados online?

A World Wide Web ainda dava os primeiros passos, mas o potencial que demonstrava fez com que Jeff Bezos largasse o seu emprego na banca e se dedicasse a 100% ao seu negócio com um investimento de 300 mil euros dos pais. Foi assim que nasceu Cadabra — de abracadabra, a palavra de encantamento utilizada pelos mágicos.

Sim, a Amazon nem se sempre se chamou Amazon. Reza a história que o primeiro advogado da Amazon confundiu o nome da empresa recém-criada com ‘cadáver’, o que levou Bezos a procurar uma alternativa. E depois de quase se chamar Relentless (se tentarmos entrar em relentless.com vamos parar ao site da Amazon), acabou por ganhar inspiração no Rio Amazonas, cuja grandiosidade queria replicar.

A primeira venda

Em 1995, vendeu o primeiro livro através da plataforma. “Fluid Concepts and Creative Analogies: Computer Models of the Fundamental Mechanisms of Thought” de Douglas Hofstadter é considerado o produto que poderá ter revolucionado para sempre o mundo do ecommerce.

No final dos anos 90, a Amazon navegou bem a onda das dotcom. Levantou várias rondas de investimento, passou a estar cotada na Bolsa Americana em 1997 e, em 1999, Jeff Bezos chegou a ser considerado pela revista Time como a “Personalidade do Ano”.

Contudo, no final de 2001, a bolha das dotcom rebentou e a Amazon chegou a perder 90% da sua valorização. Foi um período extremamente difícil para a empresa e obrigou Bezos a investir em outras linhas de negócio. Foi então que nos anos seguintes:

  • Apostou na Amazon Web Services, uma plataforma que oferecia serviços na cloud, numa altura em que apareciam plataformas digitais com uma complexidade cada vez maior. Hoje, é a área de negócio mais lucrativa de toda a empresa.
  • Introduziu a Amazon Prime, um serviço de subscrição que oferecia descontos e entrega grátis dos produtos disponíveis na sua plataforma e outros produtos como o serviço de streaming Prime Video. Já são mais de 200 milhões de membros que à data de hoje utilizam este serviço.
  • Posicionou a empresa no setor do hardware com produtos como o Kindle, uma nova forma de consumir o produto original da empresa: os livros.

O crescimento da nuvem

Em 2014, na celebração dos seus 20 anos, a Amazon já não era uma empresa em dificuldades: estava avaliada em +140 mil milhões de dólares e as receitas ascendiam praticamente aos 90 mil milhões; era o marketplace mais usado nos EUA com 26% de quota de mercado; e liderava o setor emergente da cloud, com a AWS a deter cerca de um terço de todo o mercado.

Mas seria na década seguinte que se iria tornar numa das empresas mais importantes do mundo inteiro, com algum drama à mistura.

Em 2019, um caso matrimonial abalou a estrutura da empresa. Bezos separou-se da mulher, Mackenzie Scott, e no acordo divórcio esta teve direito a 4% da Amazon ou, por outras palavras, a 36 mil milhões de dólares, tornando-se numa das mulheres mais ricas do mundo.

Em 2021, Jeff Bezos decidiu abandonar o cargo de CEO da Amazon e passar a pasta das decisões do dia-a-dia a Andy Jassy, o homem por detrás da AWS.

Já nessa altura assistimos a uma rápida transformação tecnológica, principalmente a partir da pandemia, que fez com que a Amazon tivesse as peças todas prontas para aproveitar essa oportunidade. Isto porque estava a trabalhar há anos naquilo que viria a ser imprescindível. Alguns exemplos: 

Quando várias marcas quiseram começar a vender os seus produtos online, a Amazon tinha o marketplace e os processos logísticos para fazer chegar produtos a qualquer canto do mundo. Quando várias empresas quiseram começar a criar tecnologias de forma mais ágil e rápida, o seu serviço de cloud já lhes dava aquilo de que precisavam. Quando o streaming passou a fazer parte da nossa rotina, a Amazon não só já tinha a tecnologia como tinha orçamento para investir em filmes, séries, música e podcasts.

Os desafios do futuro

No entanto, nem tudo é um mar de rosas.

  • Por um lado, uma parte significa das 1,5 milhões de pessoas que trabalham para a Amazon ainda procuram melhores condições de trabalho, nomeadamente as que trabalham na área logística.
  • Por outro, várias marcas queixam-se que em determinadas categorias de produto, a Amazon exerce uma posição monopolista, dando primazia aos seus produtos em vez de outras marcas disponíveis no mercado.

Fatores que não impedem que hoje a empresa seja a 5.ª empresa mais valiosa do mundo, tendo ultrapassado recentemente a valorização de 2 biliões de dólares.

No dia em que celebra 30 anos, são vários os desafios que se colocam à empresa.

  • Como se vai tornar numa referência em Inteligência Artificial?
  • Como vai acompanhar a evolução no comportamento dos consumidores?
  • Como se vai tornar numa potência no mundo do entretenimento?

Temas que vamos continuar a acompanhar na newsletter Next, que pode subscrever aqui.