“Eu não estou ok”. Será que os CEOs estão prontos para ouvir os funcionários?
por The Next Big Idea | 9 de Março, 2023
A segunda temporada do podcast “It’s Ok To Not Be Ok”, produzida em parceria pela MadreMedia e o LACS, terminou com um evento no edifício do LACS, nos Anjos.
Este episódio contou com a participação de Ricardo Martins Pereira, empresário e publisher da MAGG, Nuno Abreu, Diretor Executivo de HR Solutions na AON Portugal, e Dara Boles, terapeuta na New Life Portugal, para discutir qual é o papel das empresas para promover formas de melhorar a nossas saúde mental e bem-estar no contexto profissional.
Estando atualmente num contexto já mais afastado daquilo a que chamámos “regresso à normalidade” pós-pandemia, será que agora estamos mais ok?
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Para Dara Boles “existe uma liberdade e uma abertura agora [para falar], mas também um custo: descobrir o que é que precisa de ser arranjado”.
E como é que podemos fazer isso? “A comunidade é um verdadeiro acelerador e também um verdadeiro agente de cura para as pessoas”, responde a terapeuta. Mas, os outros dois convidados têm uma visão mais pessimista.
“Tenho muitas saudades dos tempos em que estávamos em casa porque as pessoas eram mais simpáticas e com mais esperança. Todos diziam que vamos sair disto como pessoas melhores. Isso não é de todo verdade”, refere Ricardo Martins Pereira.
“Gostamos de rotinas. E sofremos durante a covid, mas adaptámo-nos. Tínhamos mais tempo para nós, para a família. Habituamo-nos a coisas a que agora somos novamente desafiados a gerir nos nossos dias de trabalho”, acrescenta Nuno Abreu.
Com o regresso aos escritórios para alguns e a ida pela primeira vez para outros que começaram a trabalhar em contexto de pandemia, cada vez mais um modelo flexível é um fator importante no bem-estar de cada funcionário e na escolha do trabalho ou na decisão de permanecer. Contudo, “na maioria das empresas está-se a perder essa flexibilidade e isso está a causar alguma frustração nos funcionários”, refere o Diretor Executivo de HR Solutions na AON Portugal.
Para Nuno, o bem-estar é composto por cinco pilares, que estão ligados entre si e que não podem existir sem o outro: saúde mental, bem-estar social, bem-estar profissional, bem-estar físico e bem-estar financeiro. “Por exemplo, se estiver com dificuldades em administrar as suas finanças, não vai dormir, vai ficar stressado e terá doenças”, afirma.
Dara Boles refere ainda que temos uma necessidade biológica de pertencer e ter contacto físico com as pessoas — algo que não foi possível durante a pandemia.
Se para uns é mais benéfico trabalhar a partir de casa, algumas pessoas preferem trabalhar no escritório. Portanto, como é que podemos ter estes modelos flexíveis, mas mantendo o sentido de comunidade de que tanto precisamos? “Existem estratégias para tentar respeitar a flexibilidade, [como] um jantar ou um dia de festa uma vez por mês”, exemplifica o diretor de RH.
A temporada do podcast acabou, mas a saúde mental no trabalho não termina aqui. A questão que se impõe é se os líderes estão então prontos para ouvir “eu não estou bem”? Pode ouvir todos os episódios já lançados aqui, onde personalidades como Roberta Medina, Pedro Castro e Ricardo Lima partilham as suas experiências e testemunhos.