SoftBank fecha 2022 com perdas de 5,9 mil milhões de dólares

A SoftBank, provedora de telecomunicações e investidora tecnológica japonesa, recentemente apresentou uma perda líquida de 5,9 mil milhões de dólares no trimestre terminado em 31 de dezembro de 2022. O resultado deve principalmente aos seus investimentos, que têm um historial de oscilações extremas em valor. A empresa apresentou uma perda recorde de mais de 22 mil milhões de dólares, no trimestre de abril a junho de 2022, mas depois reverteu a situação com um lucro de 22 mil milhões de dólares) no trimestre encerrado em setembro, devido à liquidação da sua participação na gigante chinesa do ecommerce, Alibaba.

Os 5,8 mil milhões das perdas da SoftBank no trimestre de outubro a dezembro vieram dos seus fundos Vision Fund 1, Vision Fund 2 e da América Latina, um contraste significativo com sua perda de 10 mil milhões no trimestre anterior. Os investimentos da empresa na empresa de AI chinesa SenseTime e no grupo de tecnologia indonésio GoTo tiveram alguns dos piores desempenhos, com quedas de 57% e 65%, respetivamente, ao longo de 2022.

Masayoshi Son, o fundador e mentor por detrás do Fundo Vision da SoftBank, anunciou em maio que a empresa entrará em “modo de defesa” e adotará uma abordagem mais “conservadora” aos investimentos após o Vision Fund apresentar uma perda recorde de 25 mil milhões de dólares no ano fiscal anterior. A SoftBank cumpriu essa promessa, fazendo apenas perto de 3 mil milhões de dólares em novos e investimentos complementares nos últimos nove meses, uma significativa diminuição de seus investimentos face aos 39,24 mil milhões de 2021.

Ao longo do último ano, o grupo japonês também tem abdicado de alguns dos seus maiores investimentos, incluindo a venda da sua participação na Uber em agosto. Apesar do sucesso anterior de Son com um investimento precoce na Alibaba há duas décadas, a situação atual da empresa pinta uma imagem diferente.

A realidade é que provavelmente haverá mais perdas e saídas no futuro, já que a SoftBank lista 274 startups privadas como destinatárias do seu Vision Fund, muitas delas na indústria de inteligência artificial. Com as ofertas públicas iniciais cada vez mais escassas e a maioria dessas startups (provavelmente) não sendo lucrativas, haverá poucos aspetos positivos a destacar. Essas perdas exigirão mais investimentos, o que é algo que o Son afirmou que não querer fazer, o que tem levado muitos a especular que muitas destas startups ou serão vendidas por preços abaixo do valor de mercado ou continuarão a prejudicar as finanças da SoftBank.

A SoftBank é uma player importante nas indústrias de tecnologia e investimentos há muitos anos e, como resultado, a empresa tem tido tanto sucessos quanto fracassos em seus investimentos. Aqui estão alguns casos bem conhecidos em que a SoftBank sofreu perdas:

• WeWork: A SoftBank investiu milhares de milhões de dólares na startup de co-working WeWork, mas o fracasso da oferta pública inicial da empresa e o caos interno resultaram em significativas perdas.

• Uber: A SoftBank investiu na Uber em early-stage, mas o desempenho da empresa foi misto e a SoftBank relatou perdas em seu investimento na empresa de mobilidade.

• Vison Fund: A SoftBank estabeleceu o fundo para investir em startups de tecnologia, mas alguns dos investimentos do fundo, como na WeWork e na Rover, não tiveram o desempenho esperado, o que resultou em perdas, igualmente.

• Sprint: A aquisição da SoftBank da empresa de telecomunicações Sprint, nos EUA, era vista como um movimento arriscado na época e a SoftBank desde então fez um “write-off” da valorização do seu investimento na Sprint, o que resultou em perdas.