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Uma cidade Web3 em Portugal? Para já não

por The Next Big Idea | 15 de Julho, 2022

Porto, Algarve e Madeira são algumas das cidades e regiões onde a Web3 está a ser testada em vários projetos. Ainda não são Miami.

Miami é para onde se olha quando se pensa nas soluções web3 aplicadas ao espaço de uma cidade, mas esse é um cenário para já ainda longínquo em Portugal. O que não significa que não estejam a ser testadas ou avaliadas várias soluções.

“Estamos num período de elevada agitação e agora frustração. Há um discurso um pouco anarquista que parece que se quer reinventar a roda”, afirma Paulo Calçada, responsável da Porto Digital. “Ainda não lançámos nenhum serviço com base em blockchain, mas estamos a ouvir e a testar”.

O maior risco, assume, é o económico – “porque há risco económico quando se associa um token a um ativo financeiro”. 

O cartão Porto.Ponto é uma das ferramentas que poderá conhecer uma evolução Web3. “Espera-se que traga benefício aos munícipes e estimular a economia local, ao oferecer vouchers para o comércio local. Não emitimos uma criptomoeda, mas um voucher”.

Mas pode ser feito mais, assume Paulo Calçada. Por exemplo, usar as ferramentas de blockchain para identificar os locais visitados por turistas na cidade e instituir prémios para quem visita locais habitualmente menos procurados. “A ideia é premiar os nossos cidadãos através de tokens que recompensam quem tem um comportamento responsável ou premiar turistas que vão a certos locais”.

Condições há, mas há necessidade de amadurecimento da tecnologia – essa é a visão do Porto Digital. “Fomos capazes de tirar valor da web1, da web2 e vamos ser capazes de tirar web3, também moderando alguns entusiasmos. Se chegarmos cedo demais podemos perder a oportunidade de criar valor para a economia”.

Na Madeira, a Naoris Protocol – cujo core business é o protocolo blockchain de descentralização que oferece segurança na transferência dos dados nos vários dispositivos – está a realizar pesquisa de ambientes seguros ligados às áreas de finança e e-governance. “A Madeira é sempre um bom laboratório”, afirma Miguel Oliveira, que integra a equipa da Naoris Protocol.

Também em Portugal, a empresa “tem projetos piloto em salas de produção na região mais industrializada do país, entre Vouga e Minho onde 70% dos que se faz é para exportação”. “Com o protocolo da Naoris estamos a trabalhar para implementar inteligência artificial em tudo o que se faz e dar um salto de segurança”

Fora de Portugal, há outros projetos em curso nos EUA, Canadá, Índia, Sudoeste Asiático e também no domínio da defesa com o Norwegian Cybersecurity Center e com a NATO.

A IKTech elegeu o Algarve como território de eleição para a sua proposta de sistema para logístico com foco em inteligência artificial. “A Web3 ainda é um universo pouco explorado e os stocks são um mercado que nem todos conseguem compreender”, afirma Tarik Lira, CEO da empresa. 

“Trabalhamos com o terceiro maior player do ramo mobiliário fazendo a operação logística com o nosso sistema. Já lançámos o nosso token e estamos a desenvolver uma blockchain para suporte a um marketplace para os nossos clientes onde podem vender através de realidade virtual e também no metaverso”, acrescenta.

Porquê o Algarve como primeira aposta? “O Algarve tem dois períodos no ano: o verão com a economia quente e o resto do ano em que cai. O nosso foco é ajudar a economia a libertar-se. Temos já três estabelecimentos que aceitam o nosso token em Portimão e um em Albufeira – é preciso descentralizar os meios de pagamento digital e não deixar de vender 10 ou 15 cafés porque não têm multibanco”.