Netflix: a anatomia do novo botão “Adoro!”

Depois de ter estado praticamente um ano em testes, a Netflix lançou na segunda-feira uma nova funcionalidade: o botão “Two Thumbs Up”, que funciona como uma espécie de “super gosto” para quando o tradicional “gosto” não é suficiente. Desta forma, aos utilizadores podem indicar as séries ou filmes de que realmente gostaram.

Mas como nota a The Hustle, que dedicou um artigo à economia por detrás destas funcionalidades, os botões da plataforma até podem parecer simples, mas os seus históricos e impactos estão longe de o ser. 

O botão “ignorar intro”

Há sensivelmente um mês, a Netflix emitiu um comunicado em que deu conta que o botão “Skip Intro” (por cá “Ignorar Intro”) é utilizado 136 milhões de vezes… por dia. Feitas as contas, com apenas este pequeno gesto, a comunidade dos 136 milhões poupou 195 anos (acumulados) de vida ao saltar intros todos os dias.

Como é a que a ideia para o botão surgiu? Por ironia do destino, enquanto se olhava para a concorrência, há mais ou menos 6 anos, quando Cameron Jonhson, o Diretor de Inovação de produtos da Netflix que estava a ver um episódio da “Guerra dos Tronos”.

O genérico inicial é pujante e a música de Ramin Djawadi difícil de ignorar, mas não deixa de ser longa. A The Hustle lembra que a aritmética é simples de fazer porque os seus quase 2 minutos representam mais ou menos 4% da duração total dos episódios da primeira temporada.

Saltar demais

Não admira, portanto, que Johnson tentasse saltar aquela parte introdutória. Só que ao fazê-lo, muitas vezes, cometia o doloroso erro de saltar demasiado à frente, vendo o que não era suposto por vezes demasiado cedo. 

O que o Diretor de Inovação (e a sua equipa) descobriu depois foi que não estava sozinho nesta prática — os subscritores da Netflix também faziam o mesmo! Especialmente nos primeiros 5 minutos das séries (15% das vezes) que viam.

Realizados testes e fechado o nome para o botão (“Skip Intro”), as críticas foram fenomenais. Um engenheiro da Netflix enfatizou mesmo que se o botão tivesse escrito “bolos grátis” não recebia mais cliques por isso. Foi uma medida extremamente popular e que a plataforma acrescentou formalmente nas suas aplicações em 2017.

Mas há outro botão…

Há botões digitais e no mundo real. Tanto que há um que muitos de nós temos na sala ou nos quartos e quase nem damos conta disso. E está bem visível no meio do nosso comando da televisão ou boxe.

É coisa que já dura desde 2011, numa altura em que a plataforma tinha apenas 16 milhões de subscritores nos Estados Unidos. 

Para a empresa, acarreta um custo, mas que traz duas garantias quando o comando chega à mão das pessoas: uma ida rápida e quase instantânea ao menu do nosso perfil ou lembra que ainda não somos subscritores da Netflix.

Para os fabricantes, isto significa um dinheiro extra a entrar em caixa sem grandes preocupações. Seja como for, a The Hustle sinaliza que é uma situação em que ambas as partes saem a ganhar porque hoje em dia é uma prática corrente e custa apenas 1 dólar por comando.