Quem é que não quer fazer férias num país feliz e saudável?
por Inês F. Alves (Texto) e Pedro M. Santos (Fotografia e vídeo) | 20 de Março, 2022
“Não há dias extraordinários sem uma saúde extraordinária”. Se há altura em que as pessoas procuram ter dias extraordinários é nas férias — e Portugal não pode desperdiçar esta oportunidade.
Pensar a Saúde como um ativo que prestigia a marca Portugal e que pode alavancar um turismo diferenciado e de qualidade foi o desafio trazido por Maria de Belém, ex-ministra da Saúde, e Germano de Sousa, médico e gestor na área da saúde, ao debate “What’s Next – Innovating Tourism”, promovido pelo NEST – Centro de Inovação do Turismo, que teve lugar esta semana na Nova Medical School.
“Os turistas procuram um país que seja feliz, e um país feliz é um país saudável”, diz Germano de Sousa, defendendo que é fundamental que um turista que vem a Portugal saiba que tem aqui todos os serviços e bens necessários para ter umas férias seguras, ou seja, que não deixará de ser socorrido caso tenha um azar ou caso precise de ser vigiado clinicamente.
Esta garantia vai aumentar “a capacidade do turista desfrutar o melhor possível dos dias que passa no nosso país”, assegurando que são “dias extraordinários. E não há dias extraordinários sem uma saúde extraordinária”, resume.
É altura, portanto, de “começarmos a pensar que Portugal tem condições notáveis” para oferecer este tipo de serviços, conjugados com outros elementos que promovem o bem-estar, como a comida de qualidade, um clima de extraordinário, ou simplesmente uma oferta que permita aos turistas “distender-se mentalmente, o que é um aspeto importante do bem-estar mental”, exemplifica.
Maria de Belém, ex-ministra da Saúde, reitera esta ideia: “o país oferece uma gastronomia excelente, todo um conjunto de condições de segurança, somos acolhedores e simpáticos e boa parte das pessoas fala inglês”, enumera. “Temos de potenciar isso para oferecer um turismo em que a saúde faça parte, porque é um valor a preservar e defender”, acrescenta.
“Apesar das nossas determinantes sociais, como sejam a pobreza e a condição económica, por causa dos rendimentos das pessoas, o que é facto é que temos indicadores de saúde muito bons. Era impossível qualquer outro país com este lastro atingir indicadores de saúde excelentes. Isso significa que quem nos visita pode estar tranquilo e seguro com a competência que temos para abordar a sua situação de saúde “, nota Maria de Belém.
E a tecnologia pode dar uma ajuda, porque, “no futuro que já é presente, podemos acrescentar a estes meios de tratamento novos dispositivos, quer para controlo dos sinais vitais, quer para alertas rápidos e precoces que permitam evitar o desenvolvimento de uma doença grave”, exemplifica.
Assim sendo, a ex-ministra da Saúde defende que é imperativo mostrar que Portugal “é um país que tem excelentes profissionais de saúde e excelentes estruturas de saúde”, e combinar isso com a oferta turística, ou seja, com pacotes específicos direcionados a um público que valoriza esta segurança ou necessita destes serviços.
“Temos variadíssimos locais no país onde as pessoas podem aproveitar uma fase da vida em que já não estão para se meterem em confusões, onde se oferece maior contacto com a natureza e a tranquilidade de estas saberem o que acontecerá se precisarem de uma intervenção especial ou se precisarem de ser seguidas por cauda de determinadas doenças”.
Quando lhe perguntamos se a pandemia veio reforçar a importância da saúde como ativo económico, Maria de Belém não tem dúvidas.
“Eu considero que sim, porque o mundo parou com a pandemia, as pessoas ficaram fechadas em casa e só se mantiveram abertas as atividades básicas e de sobrevivência. Isso mostrou como a saúde é importante e como temos de olhar para a saúde numa perspetiva um pouco diferente: valorizá-la mais, dar-lhe a devida importância, financiá-la adequadamente, para que todos possamos desenvolver o nosso potencial de saúde. Por outro lado, isto deve levar-nos a perceber também que a saúde pode, em si mesma, ser um motor para a economia, porque constitui um ecossistema assente no conhecimento e na investigação, que obviamente pode desenvolver produtos de alto valor acrescentado”.
No que diz respeito à oportunidade de saúde e turismo reforçarem laços no pós-pandemia para oferecer serviços inovadores, capazes de atrair novos públicos a Portugal ou fidelizar o que já nos escolhem, a ex-ministra considera que é fundamental “integrar vontades”.
“Tem de se integrar vontades, quer do Ministério da Saúde, quer do turismo e das entidades privadas que operam nesses setores para que qualifiquem a sua oferta, para que acrescentem um conjunto de serviços, de relações e de ligações que hoje estão muito facilitadas pelas novas tecnologias, e construam pacotes de serviços que sejam apelativos para as pessoas que buscam este tipo de oferta, porque é precisamente isso que as faz felizes. E quando estamos bem e felizes, temos melhor saúde”, conclui.