Mafalda Ricca | X-Plora: “Admiro-te imenso, morro de inveja e quando for grande vou ser melhor do que tu”
por The Next Big Idea | 15 de Março, 2022
Se Mafalda Ricca encontrasse o CEO de uma empresa da concorrência no corredor, eis o que lhe diria: “admiro-te imenso, morro de inveja e quando for grande vou ser melhor do que tu”. Diz que nasceu com “a garra, paixão e energia” necessárias para ser empreendedora, mas faltava-lhe “aptidão para o risco”. A vida tratou disso. Antes de chegar à X-Plora, Mafalda trocou Lisboa pelo Porto e Portugal pelo México para abraçar novos projetos. Quando lhe perguntamos o que é isso de ser empreendedor, responde: “é ter um momento de loucura, ter uma intuição incrível de que aquele sonho se pode concretizar e ir sem medo”.
Como te chamas?
Mafalda Ricca.
O que faz a tua startup?
Uma plataforma e ecossistema turístico que permite a criação e partilha de visitas físicas ou virtuais, apostando em tecnologias imersivas, gamification e blockchain, de forma proporcionar experiências que melhoram o engagement, resultados e visibilidade de uma visita a uma cidade, museu, loja, exposição, estádio, showrooms e muito mais.
Em modo resumo: quando, como e porque é que nasceu a tua empresa?
Nasceu em finais de 2019. Fundámos o X-Plora depois de termos percebido que a experiência que tínhamos em tecnologia criativa, imersiva e gaming poderia revolucionar a experiência de visita e melhorar significativamente a oferta que existia no mercado.
O que fazias antes de seres empreendedora?
Antes de mais, o que é ser empreendedor? É ter um momento de loucura, ter uma intuição incrível de que aquele sonho se pode concretizar e ir sem medo? Fi-lo tantas vezes na minha vida! Por exemplo, quando era pequenina e montava uma banca de venda de pulseiras à porta do meu prédio, quando larguei tudo e fui trabalhar para a Cidade do México, quando me despedi do meu trabalho em Lisboa e abri o meu escritório de consultoria no Porto, quando fundei – com uma amiga – o Blogs in the City e tantas outras vezes! Mas agora sem desconversar, e falando do empreendedorismo. Aquele mais duro, em que juntamos ao momento de loucura a responsabilidade de cumprir com objectivos de resultados ambiciosos, pagamento de salários, e entrega dos prometidos dividendos a quem acreditou em nós. Antes desse empreendedorismo, antes do X-Plora, estive sempre muito ligada a projetos de Turismo e Cultura: trabalhei na KidZania México e no apoio à implementação da KidZania em Portugal, trabalhei como consultora para museus e parques temáticos, nomeadamente para a Merlin Entretainment e fui Head of Sales e Marketing na Gema, que desenvolve tecnologia interativa e imersiva para museus e eventos.
Como é que a tua startup está a mudar o setor do Turismo?
Acrescentando tecnologia para turismo mais contextualizado, para experiências mais interativas, mais imersivas e para relações entre os turistas e as atrações turísticas mais duradouras e com mais resultados.
Já pagas o teu salário?
Sim.
O que dirias ao CEO da concorrência se te cruzasse com ele no corredor?
Admiro-te imenso, morro de inveja e quando for grande vou ser melhor do que tu.
Quantas horas trabalhas por dia?
As que forem precisas para acabar o que obstinadamente meto na cabeça que tenho que acabar naquele dia.
Qual a tua maior inspiração no estrangeiro?
Diria que lá fora, mais do que um empreendedor, uma líder: Ursula von der Leyen. Ursula é uma líder inspiradora com um cargo notável na Europa, que não o conseguiu apesar de ter 7 filhos, mas porque tem 7 filhos.
Se fosses patroa de uma grande empresa, o que dirias a ti própria para te convenceres a trabalhar nessa empresa em vez de uma startup?
Acho que seria péssima a convencer-me. A vida frenética, e de desafios a cada minuto, alimenta-me a alma! Se fosse patrão dessa grande empresa acho que diria: “se acreditas no projeto dessa startup, vai!”
Nascemos empreendedores ou a vida torna-nos empreendedores?
Nasci com a garra, paixão e energia necessárias para ser empreendedora, mas a verdade é que me faltava a aptidão para o risco. Então a vida lá foi fazendo o resto. As pessoas empreendedoras que tenho à minha volta e o meu percurso profissional deram-me um empurrãozinho.
Numa só frase, o que dirias – mesmo – num elevador para convenceres alguém a investir na tua empresa?
Dizem que as tecnologias imersivas e a web 3.0 são uma trillion dolar industry. No X-Plora temos uma plataforma inovadora para o turismo que nos permite contribuir para este trilião.
Que balanço fazes até agora do seu percurso neste negócio?
Balanço muito positivo. Conquistámos já projetos importantes, fomos nomeados por dois anos consecutivos como uma das top20 startups mais inovadoras no Turismo e conseguimos sobreviver a uma pandemia no setor mais dizimado de todos.
Diz-me uma coisa indispensável para ti.
Não consigo dizer só uma: a minha família, o meu telemóvel – com internet para emails, notícias e Netflix – e gomas!
E uma coisa que não toleras?
Já agora 3 também. Preguiça, ausência de curiosidade, apatia.
A X-Plora marca presença no evento What’s Next – Innovating Tourism, promovido pelo NEST – Centro de Inovação do Turismo, que terá lugar de 16 a 20 de março na 33ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa.