Correr o mundo em chinelos com sola de cortiça
Pedro Abrantes é o fundador e CEO da marca ASPORTUGUESAS. Aproveitando um período em que teve “a necessidade de criar e inventar”, surgiu este conceito de flip-flops de cortiça. “Percebi que havia uma oportunidade, proveniente de uma falha de mercado. O mercado dos chinelos de dedo é vasto e com possibilidade para crescer e pensei então como é que poderia melhorar o produto”, começa por contar.
A resposta surgiu com base num produto tipicamente português. “Tendo uma matéria-prima tão rica ao nosso lado, dentro do nosso país, e pelas suas características, apercebi-me que poderíamos reinventar o produto e atribuir as características da cortiça ao chinelo de dedo”.
Até ao momento a caminhada tem sido feita em conjunto com outros nomes. “Em 2015 fizemos uma startup com a Amorim Cork Ventures, um processo natural que ainda durou algum tempo. Em 2016 lançámos para o mercado ASPORTUGUESAS, já na sociedade, e em 2017 fizemos uma nova parceria com um grande grupo de calçado, o grupo KYAIA, que nos está a permitir alavancar o projeto além dos horizontes que estávamos a prever”, refere Pedro.
ASPORTUGUESAS foram pensadas como chinelos de praia que pode ser utilizados em qualquer local. “São para usar tanto na praia, como na cidade, como em qualquer ambiente. A ideia é fazer um calçado confortável, descontraído e divertido”. Para isso, ajudam as suas características únicas, derivadas da utilização da cortiça como matéria-prima, ainda que conjugada com borracha, também natural.
“Se olharmos bem para um chinelo de dedo, este tem características de conforto, de leveza, e com o contributo da cortiça o produto ainda fica mais leve, com características superiores na abrasão, na elasticidade, no seu escorregamento em pisos molhados. E tocamos com o pé num produto natural. ASPORTUGUESAS, comparativamente a um produto da concorrência, não aquecem ao sol, não suam o pé e não fazem barulho ao andar”, exemplifica.
Com a certeza de que chinelos de dedo são usados um pouco por todo o mundo, a vontade é de continuar a crescer e a inovar. “Este produto não é só para quem gosta de usar chinelos, também é para quem gosta de um produto mais orgânico, mais natural, de um produto reciclável e amigo do ambiente”, diz Pedro.
Esta noção ambiental vem desde o início do processo. “ASPORTUGUESAS são um produto reciclado. Dos bocados de cortiça fazem-se rolhas e do que sobra das rolhas — os restos — nós fazemos um subproduto com valor acrescentado: nada se perde, vamos transformá-lo”.
Para o futuro, além de mais produtos — e diferentes conceitos, como o produto de inverno a ser lançado em 2018 —, Pedro Abrantes já tem planos. “O meu grande sonho é um dia poder criar uma economia circular dentro da própria empresa que nos permita receber ASPORTUGUESAS já utilizadas e fazer a reciclagem, podendo voltar a vendê-las ao meu cliente. Assim tiramos menos recursos ao planeta e podemos fidelizar o cliente”.
Além disso, e já a começar pelo próprio nome, ASPORTUGUESAS querem levar Portugal pelo mundo. “Queria torná-las um ícone nacional, que estivessem associadas ao nosso país. E, claro, que toda a gente andasse com ASPORTUGUESAS, de verão e de inverno. Seria como se um dia olhássemos para o nosso país e lá ao fundo não víssemos só o Galo de Barcelos mas ASPORTUGUESAS”, brinca.
O episódio do The Next Big Idea sobre ASPORTUGUESAS pode ser revisto aqui.